Economia

Quase R$ 25 milhões em notas falsas foram apreendidas no Brasil em 2021

Ao todo, foram 270.971 cédulas falsificadas identificadas e retidas pelo Banco Central no País.

Por O Sul Publicado em 09/04/2022 12:12 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

Ao longo de 2021, quase 271 mil cédulas falsas foram apreendidas em todo o Brasil. Somados os valores das notas, a quantia alcança R$ 24.932.667. Os dados fazem parte da Estatística de Falsificação, relatório elaborado pelo Banco Central. As cédulas preferidas pelos criminosos, de acordo com o documento, são as três de mais alto valor em circulação – R$ 200, R$ 100 e R$ 50.

São Paulo foi o Estado com o maior número de cédulas falsas apreendidas: 98.827. Em seguida aparecem Minas Gerais (34.989), Rio de Janeiro (26.266), Paraná (25.934), Rio Grande do Sul (14.322), Santa Catarina (12.473), Goiás (11.610), Distrito Federal (8.572), Pernambuco (5.073) e Espírito Santo (5.055). A lista completa pode ser consultada aqui.


Ao todo, foram 270.971 cédulas falsas identificadas e retidas pelo Banco Central no ano passado. Apesar do número alto, houve uma redução em relação a 2020, quando foram apreendidas 329.492 notas falsas.

Das cédulas falsificadas apreendidas, a de R$ 200 registra crescimento acentuado desde o seu lançamento, em setembro de 2020 – de 4.644 naquele ano (média de 1.161 notas falsas apreendidas por mês) para 104.260 no ano passado (média de 8.688 por mês).

No quadro geral de 2021, no entanto, a nota de R$ 100 aparece no topo da lista de falsificações, com 110.580 apreensões de cédulas das versões antigas e das atuais, chamadas de segunda família. As de R$ 50 aparecem em segundo lugar, com 56.672 apreensões.

Produção


O dinheiro que circula no País é fabricado pela Casa da Moeda do Brasil. Anualmente, o Banco Central define a quantidade de cédulas e moedas a serem produzidas e solicita a impressão à Casa da Moeda.

As cédulas brasileiras têm diversos itens de segurança – a impressão é em papel-moeda, com marcas d’água, detalhes em alto-relevo, microimpressões e imagens e números fluorescentes ou escondidos. Esses recursos têm como objetivo evitar as falsificações e seguem padrões internacionais.

O nível de sofisticação da falsificação de dinheiro, no entanto, pode se tornar um problema de cifras bilionárias para o país, caso seja necessário fazer atualização das notas. O custo para a produção do dinheiro brasileiro é alto. A Casa da Moeda do Brasil recebeu R$ 146 milhões para produzir 450 milhões de notas de R$ 200 no ano passado.

“Falsificação perfeita”


Segundo a Unidade Especial de Repressão à Falsificação de Moeda da Polícia Federal, nos últimos 20 meses foram descobertos os 24 maiores laboratórios de moeda falsa em atividade no Brasil. Desses, oito “poderiam chegar perto da ‘falsificação perfeita'”, diz documento da corporação. A PF não detalha as operações, mas afirma que, se o grupo não tivesse sido descoberto, “o Banco Central seria forçado a trocar toda moeda em curso no Brasil”.

A corporação destaca que “a repressão à falsificação de moeda possui dupla proteção, uma vez que protege a credibilidade de nossa moeda junto aos demais países, bem como evita a perda de valor da moeda em razão dos derrames de notas falsas que são introduzidas no mercado. Assim, no mercado internacional, protege a credibilidade de nossa moeda. Já no mercado interno, protege a população de uma escalada da inflação que ocorre com a perda de valor interno da moeda”.

O crime de falsificação de moeda no Brasil tem pena que pode chegar a 12 anos de prisão.

Denúncias

O advogado Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), acredita que a falta de modernização dos itens de segurança do dinheiro brasileiro têm facilitado a falsificação. Segundo a associação, o número de denúncias recebidas saltou de uma média de 25 a 30, por ano, para mais de 100, em 2021, ocasionando, aumento da quantidade de operações deflagradas pela PF para desmantelar laboratórios de falsificação em todo o Brasil.

“É importante mencionar a migração que ocorreu após o início da pandemia, que levou o consumidor e quadrilhas especializadas em falsificação a plataformas de e-commerce e mídias sociais. Esse movimento criou um novo meio de distribuição de dinheiro falso para o mercado nacional”, destaca. “Hoje, cerca de 30% de todos os produtos ilegais vendidos no Brasil chegam ao consumidor por meio deste canal.”

Os prejuízos relacionados à falsificação e ao contrabando no país contabilizam cerca de R$ 290 bilhões por ano, de acordo com dados da ABCF. São perdas de arrecadação tributária e de faturamento das indústrias legalmente estabelecidas. “Para chegarmos à valoração dos prejuízos, nos baseamos em informações setoriais da indústria, do comércio e da arrecadação do governo”, explica Rodolpho Ramazzini.

Sobre a segurança das notas, o Banco Central informou que “todas as cédulas do real contêm itens de segurança robustos e que ao se verificar pelo menos três itens de segurança, é possível concluir ou não por sua legitimidade”.

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