Agro
Rio Grande do Sul vai precisar importar mais milho em 2022
Quantidade estimada pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos é de 3,75 milhões de toneladas, 56,25% a mais do que o importado no ano passado
Levantamento apresentado pelo diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber, em reunião da Câmara Setorial do Milho da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), projeta que as importações de milho do Rio Grande do Sul atinjam o volume de 3,75 milhões de toneladas em 2022. O número é 56,25% maior que o volume importado em 2021, de 2,4 milhões de toneladas. Em 2020, foram importadas 2,6 milhões de toneladas do grão. Historicamente, o Estado vem empurrando um déficit de milho que aumentou nos últimos anos em razão das estiagens em sequência e do crescimento da indústria de proteína animal, cuja base de alimentação dos rebanhos é o grão.
“Houve diminuição de um ano para o outro porque antes da crise dos preços do trigo (gerada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, no leste europeu) as rações usavam muito trigo”, explica Kerber. O dirigente afirma que a estiagem na safra 2021/2022, mais severa que as registradas em anos anteriores, criou a necessidade de importações de um volume maior de milho. Ainda segundo ele, a maior parte das importações vem de outros estados. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rio Grande do Sul colheu na safra de 2021/2022 2,9 milhões de toneladas, cerca de 1,4 milhão de toneladas a menos que o colhido na safra anterior.
De acordo com Kerber, esse levantamento é importante para a administração dos setores que mais demandam milho no Rio Grande do Sul. “Com três frustrações de safra sucessivas, as empresas precisam saber a demanda real”, justifica. Ele lembra, também, que a produção de suínos e aves é responsável por nada menos que 85% do consumo de milho no Estado.
No encontro em que foram apresentados os dados, no início da semana, ficou definido que a Câmara Setorial do Milho vai se reunir com a Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz) para buscar recursos destinados a dar continuidade e ampliação a programas como o Pró-Milho e o da Irrigação; que a SEAPDR e as entidades parceiras vão iniciar as definições para preparar a abertura da colheita do milho na zona Sul; e que vão ser feitos chamamentos para que entidades façam pedidos para o Troca-Troca de Sementes.
Na reunião ocorreu a posse do novo coordenador da Câmara Setorial do Milho, Paulo Vargas, o qual adiantou que o foco das atividades da câmara são a irrigação, a reservação de água e a promoção do cultivo de milho em terras baixas. Vargas lembrou que a importação do grão causa prejuízos em diferentes níveis. “Quando trazemos de fora a gente deixa de estar gerando emprego no Estado e o custo de logística também é mais elevado”, comenta. Ele observou, por fim que há uma crise mundial de falta do grão e seu cultivo traz vantagens ao produtor, pois a lógica aponta para bons preços no futuro.