ALERTA
RS decreta emergência em saúde pública para enfrentar aumento de hospitalizações por doenças respiratórias
O decreto também alerta para o risco de esgotamento da capacidade de resposta do sistema de saúde, sobretudo na estrutura voltada ao atendimento pediátrico. A situação é agravada pela atual epidemia de dengue que também afeta o Estado.
O governo do Rio Grande do Sul decretou situação de emergência em saúde pública com foco na prevenção e no enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre crianças. O decreto foi assinado nesta segunda-feira (19/5) pelo governador Eduardo Leite e será publicado no Diário Oficial do Estado na terça-feira (20/5).
A decisão ocorre diante do expressivo aumento nos casos da doença e na demanda por atendimento nas unidades de emergência, resultando em longas filas e sobrecarga no sistema. Segundo a secretária da Saúde, Arita Bergmann, o objetivo é reforçar a rede hospitalar, com ampliação de leitos de UTI e suporte ventilatório.

Como parte da resposta, a Secretaria da Saúde (SES) anunciou neste mês um investimento de R$ 20,8 milhões na Operação Inverno Gaúcho. Os recursos serão direcionados à Atenção Primária e às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), com o objetivo de fortalecer o atendimento e reduzir a pressão sobre os hospitais.
Com o decreto, as unidades hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devem priorizar ações emergenciais para ampliar a oferta de leitos clínicos e de terapia intensiva voltados aos casos de SRAG. A medida terá validade de 120 dias a partir da data de publicação.
Aumento expressivo de internações
De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), até esta segunda-feira (19/5), o Estado já contabilizou 4.099 hospitalizações por SRAG em 2024. As internações foram causadas por agentes como influenza (gripe), covid-19 e o vírus sincicial respiratório (VSR). Ao todo, 305 pessoas morreram em decorrência dessas infecções. Entre crianças menores de cinco anos, foram registradas 1.374 internações e dez mortes.
O decreto também alerta para o risco de esgotamento da capacidade de resposta do sistema de saúde, sobretudo na estrutura voltada ao atendimento pediátrico. A situação é agravada pela atual epidemia de dengue que também afeta o Estado.
Crescimento dos casos semana a semana
O documento oficial justifica a medida com base no aumento contínuo das internações por SRAG nas últimas semanas. Na Semana Epidemiológica 14 (31 de março a 5 de abril), foram registradas 194 hospitalizações. Esse número saltou para 392 na Semana 18 (28 de abril a 3 de maio) e chegou a 451 na Semana 19 (4 a 10 de maio). Os dados da Semana 20 (11 a 17 de maio) ainda estão sendo consolidados, mas devem continuar em alta conforme novas notificações forem registradas.
A influenza é um dos vírus com maior crescimento recente. Na Semana 14, foram confirmados 9 casos. Já na Semana 18, esse número subiu para 116 – um aumento superior a 1.100%. No acumulado do ano, a gripe já causou 526 hospitalizações e 43 mortes no Estado.
Outro destaque é o vírus sincicial respiratório (VSR), que provocou 495 internações em 2024, sendo 95% (471) em crianças com menos de cinco anos. A circulação simultânea de diversos vírus respiratórios, somada ao inverno que se aproxima, agrava ainda mais o cenário da SRAG no Rio Grande do Sul.