Agro

Safra do pinhão inicia em 15 de abril no RS

A data que abre a safra é definida por normativa específica, e a coleta precoce, quando a semente ainda não está madura, configura crime ambiental.

Por Assessoria/Emater Publicado em 31/03/2022 14:49 - Atualizado em 03/06/2024 11:08

Dia 15 de abril inicia a safra de pinhão de 2022, cuja previsão, segundo o extensionista da Emater/RS-Ascar, Antonio Borba, é de manter o baixo volume de produção dos anos anteriores, o que deve encarecer o produto no mercado e nas feiras de produtores onde é comercializado. A data que abre a safra é definida por normativa específica, e a coleta precoce, quando a semente ainda não está madura, configura crime ambiental.

O pinhão, alimento típico da região Sul do país, é um fiel aliado dos gaúchos durante as épocas mais frias do ano. O início da safra tem data marcada no calendário desde 1976, quando o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), atual Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), lançou a Portaria Normativa nº 20, que protege a araucária, árvore nativa do Bioma da Mata Atlântica, da exploração predatória, pois é uma espécie ameaçada de extinção.

A data é definida de acordo com a necessidade de desenvolvimento da semente da araucária (o pinhão), que só a partir da metade de abril, em média, atinge o ponto de maturação completo. A coleta, transporte e comercialização precoces configuram crime ambiental, cujas sanções são apreensão do material e multa. Além disso, o consumo do pinhão verde pode causar sérios danos à saúde, pois as sementes podem apresentar toxicidade neste período, devido ao alto nível de umidade, que propicia o desenvolvimento de fungos.

A preservação da araucária é fundamental por motivos ambientais, econômicos e culturais. Primeiro, porque é uma planta emergente do dossel da Mata de Araucária. Isso significa que é uma espécie indicadora da qualidade e preservação deste ecossistema florestal. “A conservação da araucária é uma forma de garantir que aquele ecossistema florestal permaneça conservado”, aponta Borba. Segundo, é um alimento muito demandado pela população da região Sul, de modo que sua venda configura uma das fontes de renda das famílias extrativistas. Terceiro, o pinhão faz parte da cultura gaúcha, seja nas receitas típicas mais variadas, seja na tradicional Festa Nacional do Pinhão, sediada em Muitos Capões (cuja próxima edição inicia em 21 de abril), no Nordeste do Estado, dentre várias outras festas municipais que celebram a cultura associada à araucária.

PREÇO NAS FEIRAS E NO MERCADO

A produção de pinhão tem um comportamento oscilante, o que determina a qualidade e volume das safras. “Normalmente, a araucária tem um ciclo de dois a três anos de boas produções e, depois, dois a três anos de produção decrescente”, diz Borba. A expectativa de diminuição no volume de produção do pinhão tem a ver com diversos fatores, sendo os principais “a forte estiagem, a diminuição da área de distribuição da araucária e a possível sobre-exploração do pinhão”, complementa.

Em 2020, o preço do quilo do pinhão chegou a R$ 18,00 no varejo, porém, dada a melhora na produção, diminuiu para R$ 12,00 em 2021. Para 2022, a expectativa é que os preços se mantenham no mesmo patamar do ano passado, caso se consolide a safra esperada.

TECNOLOGIA DE PLANTIO

Uma importante pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) junto à Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolveu uma tecnologia de cultivo de pomares de araucária, implantados por meio de enxertia. O objetivo é obter a produção em menos tempo, chegando a diminuir em até metade do tempo de produção normal. Também, são plantas menores, de dez a 12 metros, enquanto a normal tem 20 a 25 metros de altura.

PRESERVAÇÃO

No RS, há uma política pública estadual para a conservação da biodiversidade e, por consequência, da araucária, que é a Certificação Ambiental Agroflorestal e Extrativista da Flora Nativa, procedimento desenvolvido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). “A certificação dessas áreas permite que se tenha um plano de manejo para coleta e, inclusive, tratos culturais, como poda e desbaste de plantas concorrentes das espécies de interesse”, salienta Antonio. Desse modo, garante-se o “duplo papel” da araucária, o “de conservação da natureza e, também, uma alternativa de renda para os produtores”, conclui.

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