Agro
Secretaria da Agricultura distribui sementes para comunidades indígenas do RS
O maior volume (17 toneladas) é de feijão-preto crioulo, que chegará a 3.169 famílias, de 52 municípios.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), em parceria com a Emater/RS-Ascar, iniciou a distribuição de 17.745 quilos de sementes de grãos para comunidades indígenas do Rio Grande do Sul, contemplando as quatro etnias (Charrua, Mbyá-Guarani, Kaingang, Xokleng). O maior volume (17 toneladas) é de feijão-preto crioulo, que chegará a 3.169 famílias, de 52 municípios. Além disso, tem entrega de sementes de amendoim e feijão-miúdo para 16 aldeias e kits de sementes de hortaliças e de frutas para 3.988 famílias em 67 municípios, distribuídas em 150 aldeias.
Neste ano, cada família receberá um kit com cinco tipos de hortaliças e frutas (abóbora de pescoço, couve-manteiga, moranga, melão e melancia). O montante de recursos investidos pelo tesouro do Estado foi de R$ 383.889,50, mediante compra por processo licitatório, por meio do programa “Semeando nas Aldeias”. “O objetivo é viabilizar a capacidade, ampliação e/ou diversificação da produção visando à soberania alimentar e nutricional das aldeias indígenas no Rio Grande do Sul”, destaca o diretor do Departamento de Desenvolvimento Agrário, Pesqueiro, Aquícola, Indígenas e Quilombolas (DDAPA) da Seapdr, Maurício Neuhaus.
Iniciada em outubro, a distribuição das sementes deve se encerrar no final de novembro. Na última sexta-feira (4/11), foi a vez da aldeia Mbyá-Guarani Tekoá Ka’aguy Mirim, localizada no extremo sul de Porto Alegre, receber sementes crioulas de feijão-preto, de hortaliças, amendoim e feijão-miúdo, por meio do programa. “As sementes chegaram em boa hora, está na época de plantar. Eu agradeço muito, vamos plantar na melhor lua estas sementes de feijão e amendoim. Todo ano a gente planta e colhe”, afirma o cacique Maurício Messa.
Para os Mbyá-Guarani, os alimentos ultrapassam as características de subsistência, e articulam-se com a cosmologia que expressa a cultura tradicional milenar e reforça os laços familiares por meio dos ritos e do compartilhamento de sementes e alimentos entre aldeias. O trato com a terra e a plantação (ma’ety) representam aspectos materiais, simbólicos e sociais, como a prática do batismo das crianças e dos alimentos (Nhemongaraí).
Além do diretor da Seapdr, participou da entrega das sementes na aldeia a coordenadora estadual de Assistência Técnica, Extensão Rural e Social da Emater, Mariana Soares. “Os escritórios municipais da Emater realizarão o acompanhamento junto às respectivas comunidades indígenas, através do planejamento de ações individuais ou coletivas, para instruções dos plantios, aproveitamento dos alimentos e práticas para seleção e armazenamento de sementes, visando à autonomia das famílias indígenas”, informa Mariana.
Sobre o programa
O fornecimento de sementes do projeto “Semeando nas Aldeias” integra a política pública de etnodesenvolvimento para povos e comunidades tradicionais da Secretaria, mediante contrato com a Emater/RS-Ascar para a prestação de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (ATERS) nas comunidades indígenas do Estado.
O diretor do DDAPA explica que o levantamento da demanda de sementes foi feito pelos escritórios municipais da Emater que, conjuntamente com a Secretaria da Agricultura, vem executando a implementação de ações de fomento agrícola nestas comunidades. Neste ano, além das sementes de feijão-preto e hortaliças, está sendo executado um projeto piloto com sementes crioulas de feijão-miúdo e amendoim em 16 aldeias das regiões central e leste do Estado.