Rio Grande do Sul
Seis pacientes morrem após falha no sistema de oxigênio no hospital em Campo Bom/RS
Segundo o Estado não houve falta de oxigênio no Hospital Lauro Reus. Hospital confirma instabilidade de 30 minutos no sistema de oxigênio
O Rio Grande do Sul registrou a morte de seis pessoas por problemas na distribuição de oxigênio em Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (19). Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), não houve falta do produto no Hospital Lauro Reus.
O hospital confirma as informações, porém ressalta que não é possível determinar se as pessoas morreram em decorrência da falta do oxigênio. Todos eram pacientes Covid. A prefeitura da cidade mandou reforços de profissionais e cilindros para apoio.
O governo do estado afirma ter recebido a confirmação da falha e aguarda mais detalhes sobre o problema. Leia a íntegra da nota do governo abaixo.
Já o Hospital Lauro Reus explica, também em nota, que houve instabilidade na distribuição do oxigênio, por cerca de 30 minutos, entre 8h10 e 8h40. O plano de contingência foi acionado. Uma sindicância foi instaurada para apurar o fato.
A instituição confirma que seis pessoas morreram durante a manhã, todas pacientes de Covid. Porém, segundo o hospital, não é possível confirmar se as mortes ocorreram devido à falta do oxigênio. Vinte e seis pessoas estavam em ventilação mecânica no hospital ao todo. Leia a nota do hospital abaixo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, no fim de semana, que as fabricantes e distribuidoras de oxigênio hospitalar devem informar, semanalmente, sobre a produção e o estoque no país. Com a medida, a agência quer monitorar o mercado e evitar o desabastecimento.
A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao Ministério da Saúde pedindo "providências imediatas" do governo federal para suprir as faltas de oxigênio e medicamentos para sedação de pacientes com Covid-19 intubados que estão sendo registradas em municípios de todo o País.
De acordo com secretarias municipais de Saúde, em vários estados, os estoques públicos de medicamentos para intubação estão em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias. Em Minas Gerais, com colapso em hospitais referência, cidades pequenas lidam com falta de cilindro de oxigênio e improvisam UTI.
Documentos obtidos pelo Ministério Público de Contas indicam que 31 pessoas morreram por falta de oxigênio em Manaus nos dias 14 e 15 de janeiro, quando a capital atingiu o ápice da falta do insumo. A cidade precisou enviar pacientes para outros estados.
Oxigênio no RS
A Secretaria Estadual da Saúde diz ter oficializado todas as unidades hospitalares do RS para que fosse mantido um estoque mínimo de oxigênio, suficiente para uma semana.
A cidade de Campo Bom, localizada a 57 km de Porto Alegre, foi a primeira do RS a registrar um caso de coronavírus, em 9 de março de 2020. Desde então, o município já registrou 7.586 pessoas com Covid-19 e 138 óbitos, conforme a SES.
No painel de monitoramento de leitos do estado, atualizado às 11h07, Campo Bom aparece com lotação de 100% das vagas de UTI, com 12 pacientes intubados em respiradores. Outras 43 pessoas estão internadas em 10 leitos clínicos na cidade.
Nota da SES:
"A Secretaria da Saúde, preocupada com a falta de oxigênio nos hospitais gaúchos, oficiou todas as unidades hospitalares para que fosse mantido um estoque mínimo de oxigênio, suficiente para uma semana.
A SES teve conhecimento do fato ocorrido em Campo Bom e, imediatamente, acionou o hospital, que confirmou os seis óbitos. Todavia, os óbitos teriam ocorrido devido a uma falha no sistema de distribuição de oxigênio, e não pela falta desse. Estamos oficiando o hospital neste momento para que tenhamos informações mais detalhadas do ocorrido."
Nota do Hospital Lauro Reus
"Com relação à informação sobre a falta de oxigênio nesta manhã no Hospital Lauro Reus, de Campo Bom, a direção da unidade de saúde esclarece que:
1) No período entre 08h10 e 08h40 da manhã desta sexta-feira (19) haviam 26 pacientes em ventilação mecânica na UTI e Emergência.
2) Não houve em momento algum falta de oxigênio aos pacientes, devido à rápida ação da equipe assistencial, que acionou imediatamente o Plano de Contingência - em decorrência de uma instabilidade na rede central de distribuição de oxigênio (O²) que durou aproximadamente 30 min.
3) Segundo a direção técnica do hospital, diante da gravidade geral da situação em nível mundial, e não diferente no Rio Grande do Sul, este hospital opera atualmente com capacidade próxima a 300 % acima da média.
4) Considerando os fatos, foi imediatamente instaurada uma sindicância para verificar as possíveis causas da instabilidade temporária na central de Oxigênio (O²)."
Nota da Prefeitura de Campo Bom
Devido à situação ocorrida no Hospital Lauro Reus na manhã desta sexta-feira (19), a Prefeitura de Campo Bom vem por meio desta nota, esclarecer:
Nesta manhã, ocorreu uma instabilidade na rede central de distribuição de oxigênio do hospital. Assim que a Prefeitura soube do ocorrido, prontamente, por intermédio do prefeito Luciano Orsi, do secretário de Saúde João Paulo Berkembrock e da equipe técnica do hospital, colocou à disposição todo o auxílio possível para manter a oxigenação dos pacientes. Foram enviados reforços da Samu e outros profissionais da saúde, entre médicos e enfermeiros, se deslocaram para prestar ajuda. Além disso, foram providenciados carregamentos com mais cilindros de oxigênio como medida de retaguarda.
Seis pacientes, considerados casos muito graves, internados nas Unidades de Terapia Intensiva e Semi-intensiva, infelizmente acabaram falecendo.
O Hospital Lauro Reus já instaurou uma sindicância para averiguar a causa.