Sistema FIERGS e federações de trabalhadores defendem medidas de proteção a empregos em razão de tarifas dos EUA

Há consenso entre entidades de que é preciso unir esforços para levar propostas em conjunto aos governos estadual e federal.

Por Redação/Ascom Fiergs Publicado em 06/08/2025 08:49 - Atualizado em 06/08/2025 10:13

Em meio ao agravamento das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o Sistema FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) reuniu-se nesta terça-feira (5) com cerca de 15 federações de trabalhadores, em sua sede, para discutir medidas de proteção ao emprego. O encontro marcou o início de um canal de diálogo permanente entre empresários e representantes sindicais, com foco em enfrentar os impactos das novas tarifas sobre os setores exportadores gaúchos.

Dudu Leal, Fiergs, Divulgação

O presidente da FIERGS, Claudio Bier, destacou a importância da união entre empregadores e trabalhadores neste momento de crise. “A participação de todos é fundamental para o fortalecimento do diálogo e para a construção de soluções conjuntas que enfrentem essa crise das tarifas. A unificação de esforços entre empresários e trabalhadores é urgente. Com o consenso, podemos levar propostas aos governos estadual e federal. Essas medidas visam preservar postos de trabalho e evitar demissões”, afirmou.

Segundo Bier, o cenário exige uma atuação coordenada para impedir que a elevação das tarifas resulte em perdas severas no mercado de trabalho, especialmente nos setores mais dependentes das exportações para os Estados Unidos, como o calçadista, o madeireiro e o de alimentos. Só no Rio Grande do Sul, estima-se que cerca de 140 mil empregos estejam vinculados a esses segmentos, sendo que aproximadamente 20 mil estão diretamente ameaçados.

O coordenador do Conselho das Relações de Trabalho da FIERGS, Guilherme Scozziero, defendeu a via diplomática como alternativa mais eficaz para resolver o impasse comercial. “Se formos para o confronto, vamos perder. Todo mundo vai perder. Vai perder a indústria, o país, o trabalhador. Vamos trabalhar juntos para encontrar alguma saída”, destacou.

Trabalhadores organizados também propõem ação conjunta

Durante o encontro, representantes dos trabalhadores apresentaram um documento coletivo à FIERGS, expressando preocupação com o risco de desemprego e defendendo a valorização da produção nacional. A entrega foi feita pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Amarildo Cenci. “A proteção dos setores econômicos e dos trabalhadores é essencial. Estamos interessados em fazer parte dessa discussão que olha para a economia e para os postos de trabalho”, declarou.

Também presente na reunião, o diretor da Força Sindical do RS, Claudio Correa, ressaltou a necessidade de separar divergências políticas das soluções práticas voltadas à manutenção da atividade econômica. “As empresas precisam se manter funcionando para que possam manter os empregos. Podemos construir juntos um projeto para que possamos superar este momento difícil. Nós já vencemos a pandemia e as enchentes. Vamos encontrar uma saída no diálogo”, afirmou.

Comitês de Crise e próximas ações

Como desdobramento da reunião, ficou acordada a criação de comitês de crise tanto pelo Sistema FIERGS quanto pelas federações de trabalhadores. Os grupos irão trabalhar na formulação de uma pauta comum, com propostas voltadas à preservação dos empregos e à sustentação da produção industrial.

Uma nova reunião entre as partes está prevista para ocorrer nas próximas semanas, com o objetivo de avançar nas tratativas e consolidar medidas práticas que possam ser apresentadas aos governos estadual e federal.

Diante de um cenário desafiador para o setor produtivo gaúcho, o diálogo entre empresários e trabalhadores surge como um sinal positivo de cooperação e compromisso com a estabilidade econômica e social.