ESTIAGEM NO RS

Soja registra perdas de 40%

Estimativa divulgada pelo presidente da Fetag contempla as regiões Centro, Missões e Fronteira Oeste

Por Correio do Povo Publicado em 01/02/2025 20:11 - Atualizado em 02/02/2025 01:13

Municípios das regiões Missões, Centro e Fronteira Oeste registram perdas de 40% na lavoura de soja em razão da estiagem, informou nesta sexta-feira, 31, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva.

“Tem propriedades nas quais as perdas são de 100%”, disse Carlos Joel, citando dados obtidos durante reunião em Ijuí, na quinta-feira, 30.

Carlos Joel definiu a situação como crítica, com perdas consolidadas na cultura da soja.

“Mesmo que chova, não muda mais. Dependendo do que chover nos próximos dias, teremos uma quebra ainda mais acentuada”, disse o presidente da Fetag.

Na avaliação dos agricultores, mesmo com a ocorrência de precipitações em volumes adequados, a produtividade da safra está comprometida.

A redução irreversível no rendimento da lavoura foi confirmada pelo diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera. A empresa de extensão rural prepara um levantamento para atualizar com maior precisão os números relativos à safra 2024/2025 da soja.

“Cerca de 70% da lavoura está na fase reprodutiva, que é floração, enchimento de grãos. É uma fase extremamente sensível à produtividade”, disse Baldissera.
A Emater/RS ainda não dispõe de uma data para apresentação do estudo, mas Carlos Joel acredita que esteja disponível até a próxima quinta-feira, 6, quando a Fetag promove nova reunião, desta vez na própria sede, em Porto Alegre.
Alterações no Proagro

Foto: Fetag / Divulgação / CP

Em outro encontro, mais amplo, com a possível presença do governador Eduardo Leite, deverá ocorrer no dia 17, para tratar de perdas provocadas não pela estiagem, mas por alterações determinadas pelo governo federal no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Conforme Carlos Joel, mudanças determinadas por resoluções do Conselho Monetário Nacional reduziram, na prática, a cobertura do programa para até 25%, em alguns municípios.

“O produtor não vai pagar o Proagro para ter 25% de cobertura” disse Carlos Joel.
Reivindicações aprovadas em Ijuí, visando mitigar prejuízos provocados pelas enchentes de abril e maio e pela atual estiagem, reduzir o endividamento dos produtores e preservar o Proagro, incluem:

• revogação da Resolução nº 5.198, de 19 de dezembro de 2024, do CMN;
• prorrogação automática das operações de crédito por 120 dias;
• implementação do Desenrola Rural para operações de crédito vencidas e vincendas vinculadas aos programas nacionais de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp);
• securitização das operações de crédito vinculadas aos dois programas;
• efetivação do fundo de catástrofes com recursos federais e estaduais;
• liberação de recursos do BNDES para atender os produtores ligados a cooperativas e cerealistas não contemplados em 2024;
• anistia de parcelas dos programas Troca-Troca e Sementes e Mudas Forrageiras.

O encontro em Ijuí contou com a participação do secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, com os presidentes da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz, e da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Hartmann, do deputado Elton Weber (PSB), de representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), e da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

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