Agro
Sutraf-AU e Fetraf/RS manifestam preocupação com insuficiência de recursos do Plano Safra 2021/2022
Menos de 60 dias depois do seu lançamento, muitas linhas de investimentos já estão sem recursos, antes mesmo que os agricultores pudessem acessá-los.
Menos de 60 dias depois do seu lançamento, muitas linhas de investimentos já estão sem recursos, antes mesmo que os agricultores pudessem acessá-los.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) informou que, em função da alta demanda, será suspensa a oferta de crédito para quatro programas de financiamento ao setor agropecuário.
Serão suspensas as operações do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro); Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), referente a operações destinadas ao financiamento de uma ou mais unidades de armazenagem de grãos que somadas não ultrapassem 6 mil toneladas, com taxa efetiva de juros prefixada de até 5,5% ao ano; Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), para operações de custeio; e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Investimento, exclusivamente no tocante às linhas de crédito de investimento com taxa de juros prefixada de até 4,5% ao ano.
O Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Alto Uruguai - Sutraf-AU manifesta preocupação com a insuficiência de recursos que financiam a agricultura familiar no Brasil, em especial porque este setor da economia é responsável direto pela maior parte dos alimentos que vai para a mesa do brasileiro. "Lançado em 22 de junho deste ano, o Plano Safra 2021/22 teve um aumento de recursos de R$ 30 bilhões, para pouco mais de R$ 39 bilhões, não sendo suficiente para acompanhar o aumento do preço dos insumos agrícolas, que em alguns casos supera os 200%”, comenta o coordenador geral do Sutraf-AU, Alcemir Bagnara.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul – Fetraf/RS destaca que a falta de recursos faz com que os agricultores que queiram, por exemplo, construir um aviário ou um chiqueiro precisem aguardar por mais um ano para fazer esses investimentos.
O coordenador geral da Fetraf/RS, Douglas Cenci, comenta que muitos insumos, como o caso de adubos, tiveram um aumento muito grande no preço, passaram de R$ 700,00 para mais de R$ 2.000,00 de uma safra para a outra. Essa mesma realidade pode ser observada nos casos de máquinas pesadas, como é o caso de tratores, que custavam R$ 80 mil, e atualmente são encontrados no mercado por preços próximos a R$ 200 mil. “O aumento no custo da produção dos alimentos foi muito grande em um curto período, e os recursos anunciados pelo Governo Federal não atendem toda a demanda”, explicou.
Cenci destaca que durante as últimas décadas o Pronaf foi um instrumento de fortalecimento para a produção de alimentos no país, e que os recursos disponibilizados para o financiamento deste setor da economia estavam suprindo a demanda, mas isso não foi observado nos últimos dois anos, já que no ano passado os recursos duraram apenas seis meses, e neste ano, algumas linhas se esgotaram em menos de 60 dias. Além disso, ele lembrou que muitos seguros agrícolas estão ligados diretamente ao Pronaf, e não cobrem eventuais perdas que não estejam vinculadas diretamente a este programa.
Bagnara deixou claro que isso é inadmissível, advertiu ainda que é o momento que os agricultores familiares não podem ficar sem recursos, por isso é necessário mobilização para que o Governo Federal libere mais recursos de forma imediata. “E o momento de pressionar os representantes públicos, sejam eles vereadores ou deputados, para que eles intervenham nesta situação e ajudem os agricultores a buscarem mais recursos para este setor que produz alimentos, gera emprego e ajuda a movimentar a economia, que é o que nosso país precisa neste momento”, finalizou Bagnara.