Economia

Túnel subaquático vai ligar Itajaí a Navegantes e passará por baixo dos navios

A expectativa é que as obras iniciem, efetivamente, no segundo semestre de 2024.

Por DC Publicado em 14/07/2021 18:39 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

Tem obras que, de tão inusitadas ou dispendiosas, ganham status de “lendas”. A de um túnel subaquático para ligar Itajaí e Navegantes sob o Rio Itajaí-Açu, substituindo o ferry boat, é uma delas. Mas a proposta parece estar perto de sair do papel. A reportagem da jornalista Dagmara Spautz, do jornal DC/NSC, foi publicada nesta quarta-feira(14). 

Foto: Luiz Carlos Souza, Arquivo NSC

O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) está disposto a financiar a obra, avaliada em US$ 200 milhões.

O túnel, que passará por baixo do canal de acesso aos portos, por onde passam os navios cargueiros, entrará em um pacote de US$ 500 milhões em financiamentos requisitado ao BIRD para investimentos em mobilidade. A proposta é capitaneada pelo projeto InovAmfri, que reúne os municípios da Foz do Itajaí-Açu.

A solicitação foi enviada esta semana à Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), braço do Ministério da Economia que dá aval aos empréstimos internacionais.

No caso do túnel, a ideia é que os custos sejam divididos entre a concessionária que administrará a estrutura, e as prefeituras de Itajaí e Navegantes. O investimento público é de US$ 56 milhões.

O modelo escolhido para a proposta é inédito no Brasil e pode ser o primeiro no país – tudo depende do prazo de viabilização de um túnel semelhante que ligará Santos a Guarujá, no Litoral de São Paulo.

O projeto prevê um túnel imerso, construído a seco. Depois de prontos, os módulos são submersos no leito do rio.

O túnel deverá ficar na região da Barra do Rio, alguns quilômetros à montante da principal travessia por ferry boat. São previstas seis pistas para trânsito de veículos - duas delas exclusivas para transporte público – e uma célula central para travessia de pedestres e ciclistas, com possibilidade de instalação de uma esteira para agilizar o trajeto.

Mobilidade

Foto: Reprodução

Além do túnel, o projeto de mobilidade do InovAmfri prevê a instalação de transporte público integrado entre os 11 municípios da região, com caneletas especiais de circulação e ônibus elétricos.

A terceira parte da proposta é específica para mobilidade na orla de Balneário Camboriú, também com veículos elétricos.

Na terça-feira (13), os prefeitos Volnei Morastoni (MDB), de Itajaí; Fabrício Oliveira (Podemos), de Balneário Camboriú; e Liba Fronza (DEM), firmaram acordo para levar adiante o pedido de financiamento externo. As três cidades, junto com Camboriú, devem receber a primeira etapa da mobilidade integrada.

O ex-deputado federal Paulo Bornhausen, que preside o Conselho Consultivo do InovAmfri, diz que a proposta foi inspirada nas cidades de Barcelona, na Espanha, e Portland, nos Estados Unidos.

- O projeto de transporte público foi escolhido pelo BIRD como benchmark mundial. Primeiro projeto de transporte 100% elétrico BRT interligando quatro cidades da mesma região – diz.

Viabilidade

Projetos como esses, com alta injeção de recursos e longo prazo para execução, são suscetíveis às intempéries da economia. Mas João Luiz Demantova, que preside o InovAmfri, acredita que há viabilidade.

- Temos apoio do Banco Mundial. Se o financiamento for autorizado, já podemos iniciar – avalia.

Após a análise do Cofiex a respeito do empréstimo, o processo de autorização demanda aval do Senado, Casa Civil e Secretaria do Tesouro Nacional. Demantova acredita que, se a resposta for positiva, é possível dar entrada ao financiamento entre fevereiro e março de 2022.

A partir daí começa o projeto executivo, com prazo de 18 meses. A expectativa é que as obras iniciem, efetivamente, no segundo semestre de 2024.

A primeira entrega deve ser do novo sistema de mobilidade para a orla de Balneário Camboriú, em 2026. O prazo mais extenso é para construção do túnel, que deve ser concluído em cinco anos – até 2029.

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