Saúde
Vacina da dengue será oferecida no SUS
A informação foi dada após parecer favorável de comissão que avalia novas tecnologias no sistema público de saúde
O Sistema Único de Saúde (SUS) irá oferecer à população uma vacina contra a dengue, pela primeira vez na história. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou nesta quinta-feira (21) a decisão de incorporar o imunizante da Takeda à rede pública, um dia após a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) aprovar a inclusão do produto no programa público de imunização.
A ministra ressaltou que a incorporação foi embasada na análise da Conitec, levando em consideração a relação custo-benefício e a questão do acesso em um país de vasta extensão territorial como o Brasil. Nísia enfatizou que, até o momento, a vacina estava disponível somente em clínicas privadas, fazendo do Brasil o pioneiro entre os países com sistema de saúde universal a disponibilizar a vacina publicamente.
A expectativa é iniciar a vacinação em fevereiro, durante o período de maior incidência da dengue, que vai até abril/maio. Contudo, devido à limitação na capacidade de produção do fabricante, a vacinação em massa não será viável inicialmente.
Os critérios para os públicos-alvo estão sendo definidos pelo ministério, mas a previsão é vacinar aproximadamente 3,1 milhões de pessoas no primeiro ano da campanha, considerando que a Takeda poderá entregar cerca de 6,2 milhões de doses em 2024 – 1,2 milhão por doação e 5 milhões por meio do contrato de compra – sendo o esquema vacinal composto por duas doses.
A ministra explicou que os critérios ainda não foram estabelecidos anteriormente devido à recente divulgação dos números detalhados sobre a capacidade de entrega da Takeda.
Além disso, Nísia informou que o ministério conseguiu obter um desconto no valor da dose em relação às propostas iniciais da farmacêutica, destacando que o custo foi um ponto central na decisão de incorporação no SUS.
A vacina da Takeda, conhecida como Qdenga, é a primeira a ser oferecida em larga escala à população e demonstrou eficácia de 80% contra infecções e 90,4% contra hospitalizações nos estudos clínicos. Ela utiliza vírus vivo atenuado do sorotipo 2 da dengue.
A oferta na rede privada começou em junho, com custo aproximado de R$ 400 a R$ 500 por dose. O esquema completo de vacinação consiste em duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. A Qdenga é adequada para pessoas de 4 a 60 anos e oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
A ministra Nísia também revelou que o Ministério da Saúde está em diálogo com a Takeda para uma futura transferência de tecnologia do produto, permitindo ao Brasil a produção da vacina, o que resultaria em mais doses disponíveis a um custo mais acessível. O diálogo inclui laboratórios como o Butantan e a Fiocruz na produção.