Educação
VI Seminário de Agroecologia do Alto Uruguai reuniu palestrantes e pesquisadores na UFFS
Uma das painelistas foi a agroecologista e nutricionista funcional Carin Primavesi, referência na temática
Nos dias 30 e 31 de agosto, ocorreu, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, o VI Seminário de Agroecologia do Alto Uruguai (SAAU). Neste ano, o evento teve como tema Agroecologia e Sistemas Alimentares, debatido em palestras com diferentes convidados e, também, nas apresentações de trabalhos acadêmicos.
Uma das painelistas foi a agroecologista e nutricionista funcional Carin Primavesi, referência na temática. Carin é filha da engenheira agrônoma e professora Ana Maria Primavesi, falecida em 2020 e pioneira da agroecologia no Brasil. Natural da Áustria, Ana Maria chegou ao Brasil em 1948, durante o pós-guerra. Casada com Artur Primavesi, foi professora da Universidade de Santa Maria, onde estudou o solo, propondo técnicas de manejo ecológico hoje conhecidas no mundo todo e consideradas basilares na agroecologia.
Confira a entrevista que Carin concedeu
Como começou a sua jornada na agroecologia, o que te inspirou a se dedicar a essa área?
Na verdade, meus pais introduziram a agroecologia no Brasil e eu cresci com isso. Quer dizer, eu fiz a minha escola em casa, li os livros que eles escreveram e o assunto sempre era a agroecologia.
De que forma os seus pais influenciaram na sua carreira e na sua jornada enquanto pesquisadora?
É algo inebriante. A gente faz a reflexão e depois vê o resultado lá na frente. [A agroecologia] é uma coisa real, porque na verdade o basicão para a gente sobreviver é ter ar, que depende da natureza; ter alimentação, que depende da natureza; e água, que também depende da natureza. Tudo isso é mínimo para a nossa sobrevivência. Sem isso não adianta tecnologia, não adianta nada. A tecnologia está pautada depois disso daqui.
Como conscientizar, seja pela educação ou por outros meios, sobre a importância da agroecologia na adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis?
Principalmente tem que ser o povo para poder comprar, para eles aderirem a isso, e eles serem conscientes que não é perfumaria. A vida nossa depende da agroecologia. A sustentação do planeta também. E a saúde também. Uma planta que teve ataque de pragas tem os nutrientes que o corpo precisa. A gente precisa já começar com as crianças na escola, para elas gostarem da natureza e não pensar que a gente é superior à natureza. A gente é natureza, a gente faz parte da natureza. Se nós não sobrevivermos, ela sobrevive depois.
Qual o caminho a ser trilhado pelas universidades e demais instituições para levar essas informações aos agricultores que estão nas suas comunidades?
É o próprio agricultor o que mais sofre com o veneno. Pode ver que os filhos deles já nascem com problemas de deformações, eles têm problemas de câncer. Então para eles é um alívio não trabalhar com o veneno. Eles precisam desse suporte para saber como fazer, e, sabendo como fazer, eles aderem. A universidade precisa ir lá e mostrar como que faz.