Assembleia do RS presta homenagem ao líder do MST, João Pedro Stédile

Por Agência de Notícias ALRS Publicado em 16/12/2024 22:02 - Atualizado em 16/12/2024 22:14

O economista gaúcho e líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, recebeu nesta segunda-feira (16), da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul a Medalha do Mérito Farroupilha. A maior honraria do Parlamento gaúcho, proposta pelo deputado Adão Pretto Filho (PT), foi aprovada pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em comemoração aos 40 anos do movimento. Por sua dedicação e luta pelo MST, João Pedro Stédile recebeu a honraria máxima do Parlamento Gaúcho, outorgada pelo deputado Pepe Vargas que, neste ato, representou a presidência da Assembleia Legislativa. Durante a solenidade também foi lida uma carta aberta enviada ao MST pela Associação de Juízes e Juízas pela Democracia.

Foto: Marcelo Oliveira

O proponente da homenagem, deputado Adão Preto, disse que o ato representou o reconhecimento de uma história de lutas sociais a Stédile, mas a todos que lutam por justiça social, fraternidade e para que a terra cumpra a sua função social. “Por isso indico essa medalha a essa liderança tão importante e reconhecida não só no RS e no Brasil, mas no mundo odo. Assentou mais de 13 mil famílias no RS e mais de 400 mil em todo o Brasil. Onde tem reforma agrária, onde tem assentamento tem desenvolvimento, prosperidade, produção de alimento saudável, tem fraternidade e solidariedade”, disse. Esse movimento que faz justiça social, organiza o povo, mas está na institucionalidade. “Se eu estou aqui é por conta de uma decisão coletiva que o MST tomou e me delegou essa tarefa honrosa de ser um deputado estadual, cobrando os governos para que se tenha reforma agrária, para que tenha orçamento e recursos para que esse povo permaneça no campo com dignidade, produzindo alimento saudável”.

Essa não foi a primeira medalha entregue ao coordenador do MST. Da Câmara dos Deputados, já recebeu a Medalha do Mérito Legislativo, concedida a personalidades brasileiras ou estrangeiras que prestaram serviços considerados socialmente importantes. Outro parlamento, o de São Paulo, entregou-lhe o Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos. E o governo de Minas Gerais lhe atribuiu sua maior honraria, a Medalha da Inconfidência.

João Pedro afirmou que essa homenagem foi a celebração da reforma agrária. “A medalha não é para mim. É para o MST. Apenas me tocou a tarefa de emprestar o peito. Assim como em outros momentos tivemos que as vezes carregar um caixão, ou em tempos de alegria ajudar a receber os títulos de reforma agrária”. O MST é o herdeiro de lutas históricas do povo e por isso os militantes do MST não devem vangloriar-se por si só, disse Stédile. Para o líder do movimento, até 1756, quando os Europeus aqui chegaram, foram milhares de anos em que viviam no Rio Grande do Sul os indígenas que detinham a terra como bem comum, onde não havia propriedade privada, nem cercas e nem exploração. “Milhares de pessoas foram assassinadas, outras migraram para Missiones e para o Paraguai e Sepé Tiaraju, nosso padroeiro até hoje, morreu em combate em 7 de fevereiro de 1756 e foi assim sob a força do canhão que nasceu neste território o latifúndio agropastoril que logo em seguida implantou a propriedade privada e introduziu o trabalho escravo”.

Segundo Stédile, faz parte da lógica do sistema capitalista a concentração da propriedade, o latifúndio e os crimes ambientais. “O capital no campo se alimenta da apropriação privada dos bens da natureza que deviam ser de todos”. A medalha, disse, é para todos os que lutaram pela terra, pelos direitos. “Desde Sepé Tiaraju até Ithamar Siqueira, que nos deixou a semana passada, por isso estamos celebrando a luta social”.

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