Agro
Boletim Agropecuário de março aponta para safra histórica de soja em SC
A produção de soja em SC deve chegar próxima a três milhões de toneladas em 2023
O Boletim Agropecuário de março indica crescimento na safra catarinense de soja em relação às estimativas iniciais: a área de cultivo foi elevada para 730,6 mil hectares e a produção do Estado atingiu 2,74 milhões de toneladas, quando o prognóstico inicial na safra 2022/23 foi de 2,61 milhões de toneladas. Somando à segunda safra – recém cultivada em 60 mil hectares – a produção em 2023 deve chegar próxima a três milhões de toneladas.
Segundo este documento, editado mensalmente pela Epagri/Cepa com as informações das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense, os números estão apontando para a maior safra da série histórica levantada pela Epagri/Cepa. A seguir, confira outras informações do Boletim Agropecuário.
Arroz
Até o momento, foram colhidos 65,81% da área semeada de arroz em Santa Catarina. A estimativa da safra 2022/23 aponta para estabilidade de área, em torno de 147 mil hectares, e leve retração da produtividade, visto que, na última safra, ela esteve acima da média.
Os preços do arroz em casca mantiveram-se em queda entre fevereiro e março, seguindo o esperado nesta época do ano, quando o avanço da colheita e a necessidade de comercialização imediata por parte dos produtores para pagamento das dívidas e despesas de safra aumentam a oferta interna do grão no mercado. Além disso, a expectativa de safra boa e as produtividades elevadas obtidas até o momento reforçam o viés de baixa dos preços.
Com relação ao mercado externo, nos primeiros dois meses de 2023 as exportações somaram US$7,820 milhões e o principal destino foi a Venezuela. Esse valor é aproximadamente 92% maior do que o total exportado em todo o ano de 2022 e reflete a tendência, também observada no Rio Grande do Sul, de aumento da participação no mercado externo.
Feijão
Em todo estado, aproximadamente 68% da área plantada com feijão 1ª safra já foi colhida. Para as áreas que faltam ser colhidas, 22% encontram-se em fase de floração e 78% em fase de maturação. Em relação à condição das lavouras que restam ser colhidas, 100% delas são classificadas como em bom estado.
Já em relação ao feijão segunda safra, até a primeira semana de março 100% da área destinada ao plantio com feijão 2ª safra já havia sido semeada. As condições de lavoura são consideradas boas em praticamente 100% das áreas. Em relação ao desenvolvimento das lavouras, em 92% das áreas de feijão segunda safra as plantas encontram-se em fase de desenvolvimento vegetativo e em apenas 8% da área as plantas alcançaram a fase de florescimento.
No mês de fevereiro o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca recuou 2,04% em relação ao mês de janeiro, fechando o preço médio mensal em R$ 321,63/sc de 60 kg. Para o feijão-preto, o preço médio teve um crescimento de 3,55%, fechando a média mensal em R$ 262,53/sc de 60 kg. Na comparação com um ano atrás, o preço médio da saca do feijão-carioca, em termos nominais, está 19,21% acima do que foi pago em fevereiro de 2022. Para o feijão-preto, redução anual foi de 6,74%.
Milho
No relatório de março de 2023, a Epagri/Cepa fez uma atualização da área cultivada e da produtividade do milho em Santa Catarina, o que resultou em redução da estimativa da produção total para 2,64 milhões de toneladas, mesmo assim está sendo considerada uma safra superior em relação às duas últimas safras.
O andamento da colheita da primeira safra, a expectativa da produção da segunda safra no Brasil e o preço de paridade/exportações devem pautar o mercado no primeiro semestre de 2023. A produção total da primeira safra no estado foi inicialmente estimada em 2,72 milhões de toneladas.
Em Santa Catarina, os preços pagos ao produtor apresentaram recuperação desde julho de 2022, quando atingiram a menor cotação do ano. Em 2023, os preços estão sendo pressionados, em relação há 30 dias (jan. 23) e doze meses (fevereiro de 2022), houve um recuo de 2,8% e 13,3%.
Trigo
Em Santa Catarina a expectativa é de que a safra de trigo que será semeada a partir de junho deverá ser maior do que a que foi recém-colhida. Segundo os técnicos da Epagri/Cepa, apesar da estagnação dos preços recebidos pelos produtores nos últimos meses, os bons resultados alcançados nesta safra estão motivando os produtores a investir na atividade, o que leva a crer que haverá um incremento na área plantada com trigo.
Em fevereiro o preço médio mensal pago ao produtor recuou 1,91%, fechando a média mensal em R$ 87,75/sc de 60 kg. Na comparação anual, em termos nominais, os preços recebidos em fevereiro deste ano estão 4,23% abaixo do registrado no mesmo mês de 2022.
Com relação às perspectivas para a safra 2023/24, alguns fatores que afetam essas projeções devem ser considerados. Os suprimentos mundiais de trigo estão em baixos níveis e os preços das commodities continuam em patamares elevados. Esses dois aspectos podem atuar positivamente no aumento da intenção de plantio do trigo no Brasil.
Alho
A safra catarinense de alho está em processo de comercialização, porém lenta e com preços abaixo do custo de produção. Situação semelhante está ocorrendo em outros países como Espanha, China, Itália, dentre outros.
Em fevereiro as importações foram de 13,09 mil toneladas, quantidade 12,2% inferior a janeiro e 5,75% inferior a fevereiro de 2022, comportamento dentro da normalidade de mercado. Os fornecedores da hortaliça ao Brasil, no mês de fevereiro, foram a Argentina, com 11,54 mil toneladas, 88,12 % da importação no mês; e a China, com 1,55 mil toneladas, equivalente a 11,88%.
Em relação ao preço médio mensal pago ao produtor, no mês de fevereiro houve redução em comparação ao mês de janeiro. O alho classes 2 e 3 passou de R$4,68/kg para R$3,90/kg, redução de 16,66%. O alho classes 4 e 5 teve preços médios pagos ao produtor de R$6,94/kg redução de 17,57%. O alho classes 6 e 7 foi comercializado a R$9,00/kg, redução de 15,73%.
Cebola
A colheita da safra catarinense de cebola foi finalizada. A comercialização segue em ritmo normal e o volume comercializado já ultrapassa os 70% da produção catarinense.
Em relação ao preço pago ao produtor, a redução das cotações no atacado repercutiu nos preços nas principais praças, como em Rio do Sul, com comercialização de R$1,80/kg a R$2,30/kg nas últimas semanas, deixando os produtores com margem apertada em relação aos custos médios para a safra, que gira em torno de R$ 1,70/kg.
A importação de cebola no mês de fevereiro foi de 2,38 mil toneladas, que somado a janeiro fechou o primeiro bimestre de 2023, com pouco mais de 3,76 mil toneladas, volume semelhante ao mesmo período do ano passado. Os países fornecedores da hortaliça ao Brasil foram os Países Baixos (58 toneladas), respondendo por 2,43% do volume; a Argentina (1,8 mil toneladas), correspondendo a 75,59%; o Chile (0,52 mil toneladas), ou 21,97% do volume importado.
Maçã
Nas centrais de abastecimento, o preço da maçã catarinense se desvalorizou entre janeiro e fevereiro de 2023 com aumento da oferta com o início da colheita da maçã Gala, mas continuam mais elevadas que as do ano anterior.
O volume negociado da fruta catarinense na Ceagesp em 2022 representou 49,3% do total de maçãs comercializadas, gerando mais de R$359,0 milhões para o Estado. Em fevereiro as maçãs importadas estão com preços acima dos da maçã catarinense na Ceagesp, com valorização em relação ao mês anterior.
No segundo semestre de 2022 e início de 2023, houve aumento das importações de maçãs, devido ao baixo volume produzido na safra anterior (21/22) e a problemas de qualidade da fruta para armazenagem, em razão dos efeitos da estiagem prolongada nos pomares e às baixas temperaturas. Além disso, houve atraso na colheita da safra corrente (22/23), o que aumentou as cotações internas tornando as frutas importadas mais competitivas no começo do ano.
Nos pomares, a expectativa é de frutas de maior tamanho, maior qualidade na coloração e sabor, esperando-se redução na participação da maçã Fuji no total da produção das frutas. Conforme acompanhamento da produção da maçã Gala no estado, na microrregião de Joaçaba é estimado que no mês de janeiro se tenha colhido 17% do volume esperado para a variedade nesta safra 2022/23, 50% em fevereiro e 70% nas duas primeiras semanas de março.
Na microrregião de Curitibanos a estimativa é que 3% da produção da variedade tenha sido colhida em janeiro, 50% em fevereiro, aumentando para 65% na primeira quinzena de março. Na microrregião de São Joaquim, com o início da colheita a partir de fevereiro, a estimativa é que foram colhidos 20% da produção da maçã Gala, sendo previsto um aumento para 60% no volume colhido na safra nas duas primeiras semanas de março.
Bovinos
Os preços do boi gordo em Santa Catarina apresentaram queda de 1,5% na primeira quinzena de março em relação ao mês anterior. Na comparação entre o valor de março e o mesmo mês de 2022 observou-se queda de 6,9% no preço médio estadual.
Os preços de atacado da carne bovina apresentaram movimentos distintos nas primeiras semanas de março: alta de 0,1% na carne de dianteiro e queda de 0,6% na carne de traseiro, quando comparados aos do mês anterior. Na média dos dois tipos de corte, a variação foi de -0,2%. Quando se comparam os valores atuais com os de março de 2022, também se observam movimentos distintos: queda de 6,6% para a carne de dianteiro e alta de 0,8% para a carne de traseiro, com média de -2,9%.
Vale destacar que as quedas nos preços do boi gordo e da carne bovina registrados em Santa Catarina e na maioria dos estados produtores estão, em grande parte, relacionadas ao registro de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no Pará, o que resultou na suspensão das exportações para a China, a Tailândia, o Irã e a Jordânia. Contudo, até o momento as quedas foram menos expressivas do que aquelas observadas em 2021, quando também foram registrados casos de EEB no Brasil, principalmente em função da expectativa de reabertura das exportações no curto prazo. Caso as restrições persistam, os movimentos de queda devem se acentuar nas próximas semanas.
Frangos
Santa Catarina exportou 79,3 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em fevereiro, queda de 16,8% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 5,5% na comparação com as de fevereiro de 2022. As receitas foram de US$ 171,4 milhões, queda de 18,9% em relação às do mês anterior e de 20,7% na comparação com as de fevereiro de 2022.
No 1º bimestre, Santa Catarina exportou um total de 174,7 mil toneladas, com receitas de US$ 382,7 milhões, altas de 10,4% em quantidade e de 27,8% em valor na comparação com o mesmo período do ano passado. O Estado foi responsável por 24,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos dois primeiros meses do ano.
Os bons resultados das exportações dos últimos meses devem-se, principalmente, às dificuldades de abastecimento da demanda mundial decorrentes do conflito entre Rússia e Ucrânia e da expansão do vírus da Influenza Aviária em diversos importantes produtores.
Suínos
Santa Catarina respondeu por 57,3% das receitas e 56,1% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano. Em fevereiro, o Estado exportou 42,7 mil toneladas (in natura, industrializada e miúdos) em fevereiro, queda de 14,7% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 10,5% na comparação com as de fevereiro de 2022. As receitas foram de US$102,4 milhões, queda de 16,9% em relação às do mês anterior, mas alta de 24,9% na comparação com as de fevereiro de 2022.
Durante o 1º bimestre, o estado exportou 92,7 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$225,6 milhões, altas de 11,4% e 25,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2022. Esses resultados devem-se ao crescimento dos embarques para a maioria dos principais destinos, em especial a China (22,8% em quantidade e 50,5% em valor) e Chile (95,4% e 124,0%).
Conforme já relatado em boletins anteriores, as exportações para a China devem apresentar resultados positivos este ano, já que a elevação dos preços e a pressão inflacionária da carne suína sobre a economia chinesa tem feito com que o país volte a ampliar as compras externas do produto.
Leite
Nesse mês de março, o IBGE divulgou os dados estaduais da Pesquisa Trimestral do Leite, relativos a 2022. A quantidade de leite adquirida pelas indústrias brasileiras (23,853 bilhões de litros) decresceu 5,1% em relação a 2021. Entre os dez estados com as maiores quantidades, apenas Sergipe e Santa Catarina tiveram crescimento em relação a 2021. No País e na maioria dos estados o decréscimo é ainda maior na comparação com 2020. A exemplo de 2021, em 2022 a quantidade de leite adquirida na Região Sul foi maior que na Região Sudeste.
No primeiro bimestre de 2023, as importações brasileiras de lácteos aumentaram 149% em relação ao primeiro bimestre de 2022. Com as exportações seguindo baixas, o déficit comercial do bimestre aumentou 346% em relação ao primeiro bimestre de 2022. A depender do comportamento da produção interna em 2023, as importações em equivalente a litros de leite podem vir a representar mais do que os 5,1% da oferta total de leite inspecionado que representaram em 2022.
Pelos dados parciais dos levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio de março aos produtores catarinenses será muito próximo do preço médio de fevereiro, de R$2,64/litro.