Segurança

Conhecido o último diálogo do piloto do avião que levava Marília Mendonça; confira

Piloto do avião que levava a cantora no fatídico acidente de 5 de novembro comunicou duas vezes procedimento de pouso pelo rádio.

Por NDMais Publicado em 15/11/2021 19:36 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

O piloto do avião que levava a cantora Marília Mendonça e outros dois passageiros, além do copiloto no fatídico acidente no início de novembro, se comunicou quatro vezes pela frequência de rádio local. O voo saiu de Goiânia e seguia para Piedade de Caratinga (MG). As informações foram divulgadas pelo Jornal O Globo.

De acordo com um piloto da região que guiava um monomotor de Viçosa para o mesmo destino no mesmo horário do acidente, as mensagens de Geraldo Martins de Medeiros Júnior davam a impressão de que o voo seguia em “total normalidade”.

No entanto, um detalhe chamou atenção do homem: o condutor da aeronave que vitimou a cantora repetiu duas vezes que iria iniciar o procedimento de pouso, chamado de “perna do vento” no jargão técnico da aviação.

“Ele disse que estava pegando a perna do vento e, cerca de 20 segundos depois, voltou a dizer que estava pegando “a perna do vento 02″, o que significa que estava iniciando o procedimento padrão de pouso. Isso não configura uma anormalidade pois os pilotos podem prolongar um pouco o tempo do pouso”, disse o piloto ao O Globo. Ele trabalha para empresários locais e é experiente no mapa cartográfico da região.

Investigação e acontecimentos

O profissional, que prefere não se identificar, já deu depoimento aos órgãos responsáveis pela investigação, entre ele o Seripa (Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos).

Como a frequência é aberta, as mensagens trocadas durante os voos não ficam registradas em qualquer gravação. Em sua primeira comunicação, Geraldo informou estar voando a 12.500 pés e a “44 fora”.

“É uma altitude compatível para o local. Fiquei a dúvida se eram 44 milhas de distância ou 44 minutos. Como eu estava indo para o mesmo aeroporto e precisava estimar o pouso, perguntei. Ele respondeu que eram 44 milhas” lembra o piloto, que só em Caratinga já opera aeronaves há 10 anos.

Na segunda mensagem, o piloto da PEC Táxi Aéreo disse já estar a 6.500 pés, em processo de descida. O homem explica que essa altitude é padrão, normal para o relevo do local. Ele calcula que nesse momento o bimotor estivesse a cinco ou sete minutos da pista de pouso.

A penúltima entrada na frequência aconteceu, provavelmente, dois minutos antes da queda: “não sei se era o piloto ou o copiloto. Ele disse: ‘PTONJ [prefixo da aeronave]’ ingressando perna do vento 02 em Caratinga”, explica.

Entenda a situação

Ou seja, isso quer dizer que a partir dali, já enxergando a pista, ele iniciaria o processo de pouso no local.

“Entre 20 a 30 segundos depois, ele votou a falar: ‘ingressando perna do vento 02’. Isso não é um problema e nem causa de estranamento pois muitos pilotos prolongam um pouco mais a descida”, explica ele.

O voo entre Viçosa e Caratinga tem duração de 30 minutos. O piloto que operava esta rota pousou normalmente no aeródromo local, sem saber do acidente:

“Eu achei que ele tinha pousado normalmente. Em solo, perguntei para a equipe sobre o outro avião, e eles disseram não ter havido outro pouso. Cinco minutos depois, meu celular começou a tocar. Eram amigos perguntando se eu estava bem. Foi assim que eu soube da queda do avião [em que estava Marília Mendonça]”, relata.

Causa da morte

As causas da morte de Marília Mendonça foram reveladas. Conforme informações dadas pelo médico legista responsável pelo caso, Pedro Coelho, o laudo realizado pelo IML (Instituo Médico Legal) no corpo da cantora irá atestar politraumatismo em múltiplos órgãos.

Em entrevista ao jornal Extra, Pedro disse que, em decorrência do acidente de avião, solicitou também análises cardíacas e neurológicas do piloto e do copiloto da aeronave em que Marília estava, a fim de confirmar que todas as vítimas da tragédia morreram pelo mesmo motivo.

O laudo será enviado até o dia 20, pelo IML de Belo Horizonte, às autoridades que cuidam do caso. De acordo com o legista, esse politraumatismo ocorre quando as pessoas possuem múltiplas lesões em órgãos vitais. Em decorrência disso, a morte de Marília e sua equipe podem ter sido instantâneas no momento em que o avião caiu.

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