Saúde
HEPATITE B: percentual de recém-nascidos vacinados é um dos menores da história
Dados preliminares divulgados pela Fiocruz apontam uma queda mais acentuada em 2022. Apenas 75,2% crianças foram vacinadas, meta do Ministério da Saúde é vacinar 95%
O Brasil fechou o ano de 2021 com apenas 76% das crianças menores de 1 ano imunizadas contra a Hepatite B. Dados preliminares de 2022 registraram outra queda: apenas 75,2% das crianças foram vacinadas. Os dados são do levantamento realizado pela Observa Infância da Fiocruz. O percentual é um dos menores da história. Em 2018, foi de 86%. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é vacinar 95% dos bebês.
A pesquisadora e coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, explica que vários fatores podem estar influenciando as baixas coberturas vacinais.
“Hoje em dia a gente sabe que os pais eles trabalham, as mães trabalham, então o horário do posto, muitas vezes é um limitador para essa família. Muitas vezes, também, a família não vê o risco iminente para a doença, por exemplo, ela não vê muitas vezes ao redor crianças adoecendo de hepatite B ou de pólio, sarampo. Se você não está vendo crianças com sequelas dessas doenças, você tem uma falsa percepção de segurança”, explica.
Para a pesquisadora, a pandemia trouxe de volta a questão da insegurança alimentar, que também se tornou um catalisador para os baixos índices de cobertura vacinal.
“A própria questão da pandemia com a insegurança alimentar, que obviamente, vai refletir na redução da pobreza e da cobertura vacinal. A falta de acompanhamento das condicionalidades do Bolsa Família, que inclui a vacinação, que ficou sem acompanhamento por um tempo e que agora vai retornar”, aponta.
A pesquisa realizada pela Fiocruz levou em conta as doses aplicadas em menores de 1 ano - faixa etária ideal para aplicação da vacina, logo após o nascimento - e o número de nascidos vivos de 2022.
A coordenadora pontua que, para a retomada dos altos patamares de vacinação, será necessário realizar um conjunto de ações integradas de trabalho multidisciplinar. “Vai ser necessário um trabalho de conjunto, em parceria como o Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério do Desenvolvimento Social para que várias ações sejam executadas, em prol desse nosso retorno às nossas altas coberturas”, explica.
Boccolini também ressalta que é fundamental a comunicação permanente com a população, trabalhando também as questões de desinformação com relação à vacina.
“Precisamos dessa comunicação permanente com a população no sentido, não só explicando o que acontece se você não vacinar ou a importância de se vacinar, mas explicando o próprio calendário vacinal que é um calendário muito complexo, não só em momentos de campanha”, diz.
A orientação do Ministério da Saúde é que a vacinação contra a Hepatite B deva ser realizada ainda no pré-natal, uma vez que a doença pode ser transmitida da mulher para o bebê durante a gravidez, no momento do parto e, até mesmo, durante a amamentação. Ao longo da gestação, a infecção também pode aumentar o risco de parto prematuro.
O ministério recomenda que, para gestantes em qualquer idade gestacional, é importante administrar 3 doses (0, 1 e 6 meses) da vacina hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior. Caso não seja possível completar o esquema vacinal durante a gestação, a mulher deve concluir após o parto.
Já para os recém-nascidos, a primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do bebê. O esquema básico tem três doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda, e 180 dias da primeira para a terceira dose.
A doença
A hepatite B é uma doença infecciosa que ataca o fígado, sendo causada pelo vírus B da hepatite (HBV). Ele está presente no sangue e secreções, porém, a hepatite B também é classificada como uma infecção sexualmente transmissível. Entre os principais sintomas estão: náusea, febre, dor de barriga e amarelamento da pele. De acordo com o Ministério da Saúde, inicialmente ocorre uma infecção aguda e, na maior parte dos casos, ela se resolve espontaneamente até seis meses após os primeiros sintomas, sendo considerada de curta duração.