Economia

Petrobras: Bolsonaro quer CPI já nesta segunda

Só no primeiro trimestre, foram 44 bilhões de lucro — nunca visto na história. Esse dinheiro a Petrobras vai distribuir aos acionistas.

Por AE - Agência Estado Publicado em 19/06/2022 16:02 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado, em um evento em Manaus, onde cumpriu agenda, que quer que seja aberta já na segunda-feira uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Petrobras. O chefe do Executivo disse que acertou a instauração do órgão com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e com o líder do governo na casa, Ricardo Barros (PP-PR).

Na sexta-feira, a Petrobras anunciou um novo reajuste dos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras a partir deste sábado. “Vamos pra dentro da Petrobras”, afirmou Bolsonaro.

Ele voltou a criticar os ganhos da estatal. “É inadmissível, com uma crise mundial, a Petrobras se gabar dos lucros que tem. Só no primeiro trimestre, foram 44 bilhões de lucro — nunca visto na história. […] E na Lei das Estatais está escrito que essas empresas têm que ter também um fim social. Ninguém quer interferir nos preços, mas esse spread, esse lucro abusivo — a diretoria, seus conselheiros, seu presidente poderiam resolver.”

De acordo com o presidente da República, os dirigentes da Petrobras “não pensam no Brasil”. “Virou Petrobras futebol clube. Para o seu presidente, diretores, conselheiros e ditos [sócios] minoritários.”

O chefe do Executivo disse que conta com o suporte de Lira para abrir a comissão. “O apoio fantástico da Câmara dos Deputados na pessoa do Arthur Lira, esse alagoano. Vamos afinar a CPI. Vamos ver os contratos, como são feitos”, completou.

Reajuste nos combustíveis

Com a atualização que vale a partir deste sábado, o preço médio de venda de gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro — alta de 5,2%. Já o valor do diesel foi reajustado em 14,3% — de R$ 4,91 para R$ 5,61 o litro.

Com a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço para os motoristas foi de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido nos postos. O último reajuste do combustível aconteceu há 99 dias.

Já no caso do diesel, que conta com uma mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel na composição, a nova alta depois de 39 dias fez com que a parcela da empresa no preço ao consumidor passasse de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05 a cada litro vendido nas bombas.

No comunicado em que anunciou a atualização, a Petrobras afirmou que “tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.

Já sinalizado nos últimos dias, o reajuste dos combustíveis causou tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e a companhia. Em publicação nas redes sociais, o chefe do Executivo afirmou que a determinação “pode mergulhar o Brasil num caos”.

A Petrobras diz compreender o momento em que o Brasil e o mundo estão enfrentando e os reflexos que os preços dos combustíveis têm na vida dos cidadãos, mas reiterou o compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado.

“Com a aceleração da recuperação econômica mundial a partir do segundo semestre de 2021 e, notadamente, com o início do conflito no Leste Europeu em fevereiro de 2022, tem-se observado menor oferta e maior demanda por energia, com aumento dos preços e maior volatilidade nas cotações internacionais de commodities energéticas, em especial, do óleo diesel”, defende a estatal.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço da gasolina estava defasado em 13% (R$ 0,57) e o do diesel em 21% (R$ 1,37) em relação ao mercado internacional antes do último reajuste.

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