Economia
Petrobras tem margem para reduzir preço da gasolina
Empresa prepara nova política de preços após queda na cotação do petróleo
Uma nova política de preços da Petrobras será anunciada em breve, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, estimulada pela queda do petróleo no mercado internacional. A margem de redução possível chega a R$ 0,35 por litro.
O pedido do governo, porém, é para que a petroleira tenha cautela, já que a temporada de férias nos Estados Unidos está se aproximando e pode elevar o preço da gasolina, combustível que está há 72 dias sem reajuste no Brasil.
Nesta quarta-feira (10), o presidente da empresa, Jean Paul Prates, esteve reunido com o presidente Lula, em Brasília, levando uma extensa agenda de possíveis mudanças – entre elas a da atual política de PPI (preços de paridade de importação), duramente criticada pela atual gestão, que se comprometeu a “abrasileirar” os preços da empresa.
De acordo com fontes ligadas à empresa, porém, nada será feito com pressa e alguns pontos ainda estão em discussão. A principal preocupação é a sucessiva alta da gasolina nos postos de abastecimento, que afeta fortemente a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço do litro da gasolina nas refinarias da Petrobras estava 13% mais alto do que o preço internacional no fechamento de quinta-feira.
Desde o final de abril, o preço do combustível nas refinarias da empresa vem aumentando a defasagem positiva em relação ao Golfo do México, usado como parâmetro de preços pelos importadores.
A diferença chegou a atingir 21% no final da semana passada, refletindo o recuo do preço do petróleo e uma demanda mais fraca do que o esperado. Geralmente, a estatal reajusta o preço dos seus combustíveis quando a defasagem atinge dois dígitos, para cima ou para baixo.
De acordo com cálculos da Abicom, a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina em R$ 0,35 o litro para atingir a paridade com o mercado internacional. Na Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, os reajustes são semanais nos seus produtos, o que faz a alta em relação ao preço externo ser de apenas 1%. Na última quarta-feira, a Acelen reduziu o preço da gasolina em R$ 0,0067 o litro.
No caso do diesel, a defasagem positiva nas refinarias da Petrobras é de 7%, abrindo espaço para queda de R$ 0,23, segundo a Abicom. Já na refinaria baiana, o diesel está mais barato no mercado interno, com defasagem negativa de 2%.
Gás de cozinha
O gás de cozinha, cujo preço se mantém em patamar alto e tem impacto na camada mais pobre da população, está com o preço 50,5% maior no Brasil do que no exterior, segundo levantamento do Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura). O combustível está há 154 dias sem reajuste, ainda de acordo com a consultoria, e a expectativa é de que o preço também seja reduzido pela Petrobras nos próximos dias.
De acordo com o Cbie, a Petrobras poderia reduzir o preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) em R$ 1,07, o que pouco impactaria no preço ao consumidor, principalmente levando em conta que o último reajuste para baixo feito pela companhia não foi repassado na ponta.
No último levantamento feito pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço do gás de cozinha (GLP 13 quilos) subiu 0,5%, para R$ 108,13 na semana de 30 de abril a 6 de maio.