Clima

Sul do Brasil tem registro discreto de neve pelo segundo dia consecutivo

Precipitação invernal mais uma vez foi muito discreta e localizada sem repetir as bonitas imagens da onda de frio do final do mês de junho.

Por Metsul Publicado em 19/07/2021 09:57 - Atualizado em 03/06/2024 10:02

Neve caiu novamente nas últimas horas na região Sul do Brasil e desta vez tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina. No começo do domingo, o fenômeno tinha sido registrado de forma muito fraca e passageira em pontos do interior do município de São José dos Ausentes, nos Campos de Cima da Serra do estado gaúcho.

Voltou a nevar no final do domingo em alguns locais do município de Vacaria, também localizado nos Campos de Cima da Serra. Mais uma vez a precipitação foi rápida e isolada a ponto de não ser percebida por grande parte da população local. Na madrugada e no amanhecer desta segunda-feira houve registro de garoa de neve em São Joaquim e Urubici, no Planalto Sul Catarinense.

Neve muito fraca e rala caiu no final do domingo em pontos do município de Vacaria e podia ser percebida sobre a lataria dos automóveis ao ser iluminada | Lisandra Costanzi/Metsul

Com a ocorrência do fenômeno hoje cedo na cidade catarinense, o Sul do Brasil chega ao quinto dia do ano com registro de queda de neve. É a segunda onda de frio de 2021 que traz neve para os estados do Sul, mas o evento de junho foi muitíssimo mais significativo com acumulação e com três dias seguidos de neve, o que não ocorreu desta vez, como se previa.

O QUE CAUSOU A NEVE?

A neve registrada no início do domingo foi provocada por uma faixa de nuvens com instabilidade que avançou pelo Leste do Rio Grande do Sul da tarde pra noite do sábado, acompanhando a chegada do ar mais gelado. Estas nuvens causaram chuva no final do sábado na Capital e na Grande Porto Alegre. A instabilidade, ao alcançar as áreas com maior altitude dos Aparados da Serra, no Nordeste gaúcho, acabou por proporcionar a ocorrência de neve.

Já a ocorrência do fenômeno no final do domingo e no começo desta segunda-feira se deu sob outro cenário meteorológico. Com um ciclone extratropical a Sudeste do Rio Grande do Sul, circulação de umidade ciclônica atingiu inicialmente o Sul gaúcho no domingo. No final da tarde e à noite, com o giro do ciclone, as nuvens avançaram de Sul para o Norte pela Metade Leste do território gaúcho e alcançaram até o Planalto Sul Catarinense.

Como não eram nuvens de maior desenvolvimento vertical e o perfil da atmosfera era seco, a precipitação associada era muito fraca ou inexistente, o que fez com que nevasse em muito poucos lugares e onde nevou de forma bastante discreta, o que era, aliás, o que se esboçava na previsão.

Imagem de satélite do começo desta segunda-feira mostra muitas nuvens sobre o Nordeste gaúcho e o Planalto Sul Catarinense induzidas pela circulação ciclônica e o levantamento vertical pelo vento no relevo da região | NASA

Houve, ademais, um segundo fator para a ocorrência de neve em Vacaria e São Joaquim, além das bandas de nebulosidade de circulação ciclônica. O forte a intenso vento que foi gerado pelo ciclone ao encontrar o relevo da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul provocou levantamento vertical e perturbou a atmosfera, gerando nuvens. A combinação do levantamento vertical com a instabilidade ciclônica, assim, favoreceu a neve.

PODE NEVAR MAIS?

As condições para a ocorrência de neve no Nordeste gaúcho e no Planalto Sul de Santa Catarina gradualmente cessam e desaparecem rapidamente no decorrer da segunda metade do dia nesta segunda-feira, mas até lá há uma probabilidade ainda pequena. E por dois motivos cessam as condições para a neve mais tarde hoje.

Primeiro, no decorrer desta segunda-feira a cobertura de nebulosidade deve gradualmente diminuir com a menor influência da circulação ciclônica pelo afastamento do sistema e a diminuição do vento na segunda metade do dia.

Segundo, o ar vai deixar de ser suficientemente frio em altitude para favorecer neve. O perfil da atmosfera vai seguir todo ele muito frio, mas a temperatura deixará de ser negativa nas camadas da atmosfera em que é necessário que a temperatura esteja abaixo de zero para que haja a formação de neve precipitável em superfície.

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