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Saúde

Variante indiana do coronavírus: transmissão, mutações e o que se sabe sobre ela

Acredita-se que a variante B.1.617 se dissemine mais rápido, mas cientistas ainda não sabem dizer se é mais letal e se tem maior transmissibilidade.

O Sul
por  O Sul
21/05/2021 21:54 – atualizado há 2 anos
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A variante indiana do coronavírus, chamada de B.1.617, foi registrada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado. Com a explosão de casos na Índia e sua disseminação no Reino Unido, ela passou a preocupar o mundo. Isso ocorreu, segundo os infectologistas, porque provavelmente a variante se tornou mais transmissível após mutações sofridas desde a sua descoberta.

Assim como as variantes descobertas no Brasil (P.1), Reino Unido (B.1.1.7) e África do Sul (B.1351), a variante indiana apresenta uma modificação na proteína que fica na superfície do vírus, responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.

Reprodução

Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes. Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra –, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético.

A explicação ajuda a entender o porquê, segundo a virologista Ester Sabino, de a variante indiana ter passado a chamar a atenção do mundo somente neste mês. “Provavelmente a variante indiana não era mais transmissível, mas ela adquiriu mais mutações que a deixaram mais transmissível”, diz Sabino.

Apesar de ter sido notada no ano passado, foi somente em 10 de maio que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a variante B.1.617 como “preocupação global”.

“Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada”, disse a líder técnica da OMS, Maria van Kerkovh, durante anúncio.

Por isso, segundo o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weismann, a variante B.1.617 não pode ser considerada a única responsável pela explosão de casos observada na Índia nas últimas semanas.

“Essa variante é conhecida desde o ano passado. Entretanto, demorou vários meses para que se chegasse à situação atual, o que sugere a possibilidade de uma menor transmissibilidade”, aponta Weismann.

Essa variante possui três versões identificadas até o momento: B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3. Todas foram descobertas primeiramente na Índia.

O que tornou, então, a variante indiana mais transmissível ao longo do tempo?

“Falta de medidas preventivas, como distanciamento físico, uso de máscaras, higiene frequente das mãos e grandes concentrações de pessoas”, explica o infectologista da SBI.

Em 12 de abril, em meio a pandemia, a Índia celebrou o maior festival religioso do mundo, o ritual Kumbh Mela, celebrado nas margens do rio Ganges. A imprensa local estima que cerca de 2 milhões de fiéis tenham participado do evento.

Um mês depois do Kumbh Mela, a Índia registra mais de 4 mil mortes por coronavírus por dia, sendo o atual epicentro da pandemia no mundo.

Desde a sua descoberta, em outubro, os cientistas já identificaram três versões da variante indiana. Uma delas foi rastreada no Brasil na quinta-feira (20) em um paciente infectado.

A Índia, segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, tem registrado mais de 150 mil infecções de Covid-19 por dia, criando cada vez mais oportunidades para o surgimento de novas mutações no vírus.

Brasil

Na quinta-feira (20), o Instituto Carlos Chagas confirmou o primeiro registro da variante indiana no Brasil, ocorrido no litoral do Maranhão. Há a confirmação de seis pessoas infectadas até o momento, que chegaram no país a bordo de um navio cargueiro vindo da África.

No mesmo navio atracado na costa maranhense, outras 9 pessoas testaram positivo para o coronavírus. A diferente na carga viral entre estes e os outros seis infectados foi o que chamou atenção das autoridades de saúde para fazerem o sequenciamento genômico das coletas.

“Das 15 amostras positivas colhidas dos tripulantes, seis apresentaram maior carga viral para o sequenciamento genômico, que resultou na confirmação da B.1.617.2, considerada variante de atenção, já que pode estar relacionada a uma maior transmissão e, consequentemente, aumento dos casos de internação. As demais amostras dos tripulantes apresentaram carga viral muito baixa. Dos 15 infectados, em seis foi identificada a variante”, diz nota da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão.

Outros 44 países, pelo menos, já confirmaram a variante indiana. Na América do Sul, além do Brasil, o patógeno também foi encontrado na Argentina.

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