Economia
Vendas de veículos usados no Brasil crescem 54% nos primeiros sete meses de 2021
Pandemia provocou falta de peças para veículos novos e a fila de espera pode chegar a meses.
A redução na produção de veículos zero quilômetro — como resultado da falta de componentes desde o ano passado — provocou uma ebulição no mercado de carros usados. Nos primeiros sete meses do ano, houve aumento de vendas de 54,7%. E diversas start-ups que vendem automóveis usados por meio de plataformas digitais estão chegando ao país de olho nesse filão.
O Brasil é um dos mercados mais atraentes no segmento: as vendas somam 12 milhões de unidades por ano e movimentam cerca de R$ 600 bilhões, em uma projeção que inclui seminovos (de até três anos) e usados com até 12 anos. É o terceiro maior mercado, atrás de Estados Unidos e China.
“O mercado de seminovos é seis vezes maior que o mercado de veículos zero quilômetro. As start-ups que atuam no segmento estão trazendo a digitalização com suas plataformas de negociação”, explica Antônio Jorge Martins, coordenador acadêmico dos Cursos Automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Fila de espera
Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a associação das montadoras, o mercado de carros novos sofre com a falta de semicondutores e componentes: “Hoje, dependendo do modelo, quem encomendar carro zero tem grande chance de só receber em 2022. Uma parte dos consumidores cancela a compra, outra entra na fila. Mas boa parte vai para o segmento de usados e seminovos. É um fenômeno que está acontecendo em outros países também, incluindo os EUA”.
No caso dos usados e seminovos, o movimento é contrário. As vendas diárias no primeiro semestre chegaram a 58.944 unidades. De janeiro a junho de 2020, as vendas somaram 36.323 unidades.
Com plataformas digitais que permitem compra, venda e troca de veículos seminovos e usados, além de novos, essas start-ups que atuam nesse segmento começaram a chegar em 2019. São uma espécie de shopping digital de veículos, que vieram com uma proposta de tornar mais simples a negociação, que sempre foi considerada burocrática.
Além de conectar consumidores, colocam no circuito os revendedores, o que amplia a oferta de produtos. Trouxeram diferenciais como revisão mecânica e elétrica para oferecer garantia de um a dois anos, o que dá mais segurança ao consumidor na hora de fechar negócio.