Agro

Culturas de verão apresentam danos variáveis nas regiões do Estado

Na maior parte do território estadual, não houve precipitações ou elas foram insuficientes para reverter o quadro de estiagem.

Por Assessoria/Emater Publicado em 02/02/2023 21:01 - Atualizado em 03/06/2024 11:44

A ocorrência de chuvas irregulares, mais concentradas nas regiões a Sul e a Leste do Estado, aliviou momentaneamente o estresse em lavouras beneficiadas. No entanto, na maior parte do território estadual, não houve precipitações ou elas foram insuficientes para reverter o quadro de estiagem.

De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (02/02), os dias foram novamente de muito calor, secos e com alta intensidade da radiação solar, ocasionando elevadas taxas de evapotranspiração, impactando negativamente as lavouras de soja em desenvolvimento (48%), em florescimento (35%), e em enchimento dos grãos (17%). O plantio está quase concluído (99%).

Nas lavouras mais afetadas é possível observar folhas murchas nas primeiras horas da manhã, assim como a queda acentuada de flores. Nota-se, de maneira geral, que ocorre desfolha, concentrada no terço inferior, e pouca emissão de novas folhas.

Conforme amostragem realizada em 412 municípios do Estado, estima-se que a redução da produtividade, na zona mais afetada, é pouco superior a 20%, como é o caso das regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Santa Maria e Santa Rosa. O decréscimo é estimado em cerca de 10% nas de Bagé, Frederico Westphalen, Ijuí, Lajeado e Pelotas; entre 2% e 3% nas de Erechim e Soledade; e não há redução nas de Caxias do Sul, Passo Fundo e Porto Alegre. A área de soja projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 3.131 kg/ha.

Milho

Houve prosseguimento na colheita, alcançando 35% da área plantada. A estiagem provocou o estiolamento dos colmos das plantas, que não se mantêm em pé, aumentando o número de plantas acamadas e de difícil recolhimento na operação de corte. Essa situação está contribuindo para a antecipação da colheita, mesmo de grãos com umidade acima do ideal, entre 25% e 28%.

O plantio do milho chega a 97%, sendo que 14% está em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 12% em floração, 19% em enchimento de grãos e 20% em maturação.

Na última semana, foi realizada nova avaliação dos efeitos da estiagem em relação à produtividade em 463 municípios do Estado. A estimativa inicial de produtividade manteve-se na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul; na de Porto Alegre, a redução é próxima de 10%; nas regiões de Lajeado, Passo fundo e Soledade, são próximas a 20%; nas de Erechim, Ijuí, Pelotas e Santa Rosa, entre 35% e 40%; e nas de Bagé, Frederico Westphalen e Santa Maria, são pouco superiores a 50%. A área estimada de cultivo para a safra 2022/2023 é de 831.786 hectares. A estimativa inicial de produtividade era de 7.337 kg/ha.

Arroz

Aproximadamente 48% das lavouras estão entre as fases de emissão das panículas e floração e há preocupação com o possível impacto da combinação de temperaturas próximas de 40°C e com a baixa umidade relativa do ar, registradas no período. Picos de temperaturas acima de 35°C podem causar a esterilização de espiguetas. A faixa de temperatura ótima para as lavouras em florescimento varia de 30 a 33°C e, para a maturação, entre 20 e 25°C. Temperaturas abaixo de 15°C durante o florescimento também podem causar esterilização de espiguetas.

Entre as regiões de maior produção, a expectativa de produtividade ainda é mantida na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre. Há perspectiva de redução entre 2% e 4% nas de Lajeado, Santa Maria e Soledade. Os maiores danos ocorrem nas de Bagé e Pelotas, com perspectiva de redução de 7% e 8%.

O plantio já está concluído, sendo que 52% está em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 36% em floração e 12% em enchimento de grãos. A área estimada de arroz pelo IRGA é de 862.498 hectares. A produtividade projetada é de 8.226 kg/ha.

Feijão 1ª safra

A área projetada de feijão 1ª safra é de 30.561 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 1.701 kg/ha.

Olerícolas

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Uruguaiana, áreas de produção de abóbora com irrigação estão apresentando bom desenvolvimento, ao passo que as áreas de produção de mandioca, em sua maioria não irrigadas, demonstram leve recuperação, após as pancadas de chuvas registradas no período. Com a conclusão da colheita nas áreas de cultivo de cucurbitáceas, os produtores se concentram nas atividades de preparo do solo para retomada dos plantios em fevereiro e março, quando há melhores perspectivas com relação às chuvas; está previsto o estabelecimento de novas áreas de batata–doce, que tradicionalmente tem implantação escalonada desde o mês de outubro.

Frutícolas

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, os pomares de caqui estão em fase de desenvolvimento dos frutos. Os agricultores manifestam preocupação com a falta de água, mas estão acompanhando o desenvolvimento da cultura, que se encontra em bom estado fitossanitário.

Na de Santa Rosa, o plantio da safrinha de girassol foi concluído, após a reposição de umidade proporcionada pelas chuvas em 12 e 13/01, que tiveram volume suficiente para beneficiar uma germinação uniforme. As lavouras recém-implantadas estão em desenvolvimento vegetativo e representam 8% do total cultivado. Foi finalizada a colheita nos cultivos implantados em 2022, que representam 92% do total. A estimativa inicial de produtividade era de 1.876 kg/ha. Como reflexo da estiagem, as lavouras apresentaram uma perda pouco superior a 6%, resultando em 1.759 kg/ha.

Erva-mate

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a área cultivada alcança 650 hectares e se caracteriza como uma atividade tradicional da agricultura familiar. A maior parte dos ervais são colhidos em regime de parceria com as empresas beneficiadoras, resultando em um manejo inadequado, causando danos em plantas.

A maior parte dos cultivos são conduzidos no sistema de monocultura ou extrativista, através do manejo de ervais nativos remanescentes. Em pequeno número de propriedades, a forma de exploração é em sistemas agroflorestais, com manejo e produção diferenciada, condições essas que agregam mais valor à produção. Durante o período da pandemia, verificou-se o aumento no consumo, observando-se a continuidade na procura da matéria prima e os preços praticados são considerados satisfatórios pelos produtores.

Verificou-se também a busca por produto oriundo de processamento mais artesanal, feita em pequena escala de produção. No campo, a cultura apresenta boas condições fitossanitárias, está em fase de desenvolvimento e com a colheita em andamento.



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