Segurança
Esquema milionário de produção de drogas sintéticas descoberto em SC abastecia o tráfico no Brasil
Quase R$ 1 milhão foi apreendido com os traficantes em megaoperação da Polícia Civil. Grupo era "altamente organizado", diz delegado.
Uma organização criminosa que produzia drogas sintéticas e as traficava do Litoral Norte de Santa Catarina a outros Estados do país foi desarticulada pela Polícia Civil. Mais de 100 mil comprimidos de ecstasy, entre outros entorpecentes, e quase R$ 900 mil em dinheiro foram apreendidos na ação que procura cumprir 39 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão nesta sexta-feira (16). A operação foi batizada de ‘@Express’.
Da região de Balneário Camboriú as drogas seguiam para diversos cantos do Brasil, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, contou o delegado da Divisão de Investigação Criminal da cidade, Vicente Soares, em entrevista coletiva no final desta manhã. Soares detalhou que apurou as suspeitas durante cerca de um ano e meio. No monitoramento feito, descobriu-se que os criminosos usavam empresas laranjas ou de fachada para comprar os produtos químicos necessários à fabricação de entorpecentes como ecstasy, LSD e skank.
— Era um grupo articulado, uns dos principais responsáveis pelo tráfico de sintéticos do Brasil — disse Soares.
No momento em que ele conversou com os jornalistas, 13 suspeitos haviam sido detidos. As equipes formadas por 170 agentes trabalham até o final do dia para cumprir as demais ordens judiciais. Eles foram a imóveis localizados em Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí, Laurentino e Curitiba, no Paraná.
Modo de operar
Os compradores recebiam grandes lotes para revenda nos Estados. O grupo, que não é ligado a nenhuma facção criminosa, tinha as funções de cada integrante bem definidas. Soares classificou a organização em três escalões: primeiro, os líderes, que produziam as drogas, faziam as remessas para outros Estados e compravam os produtos necessários, tanto para a fabricação em si como para os laboratórios. Segundo, os que traficavam localmente (vendas “varejo”).
No terceiro escalão estavam os que serviam de laranjas, alugavam imóveis e auxiliavam na lavagem de dinheiro. A maioria dos criminosos já tinha passagens por crimes como tráfico de drogas. Alguns eram da mesma família. Outros, apenas amigos e comparsas.
A investigação
Soares começou a investigação depois de denúncias de que dois integrantes do bando estariam produzindo e traficando drogas. Porém, a história era maior do que se pensava. Com a quebra de sigilo fiscal e outros métodos, a equipe identificou a compra de produtos químicos e foi chegando aos suspeitos.
Alguns mentores do esquema foram presos durante os trabalhos, o que ajudou os investigadores a identificarem novas provas. No Distrito Federal, uma carga com 6 mil comprimidos de ecstasy foi interceptada no ano passado. A Polícia Civil constatou que, em média, eles eram capazes de enviar 50 remessas por mês. Cada uma levava de 5 mil a 6 mil comprimidos.
Um laboratório foi encontrado em Camboriú durante as investigações, mas a Polícia Civil sabe que os pontos não eram fixos, já que o grupo mudava a localização da produção e por vezes mantinha mais de um ao mesmo tempo.
Recentemente um laboratório em Itajaí foi descoberto também. Nesta sexta nenhum foi encontrado. Os policiais localizaram as drogas e os suspeitos em imóveis utilizados para armazenamento, empresas laranjas de Camboriú e Balneário Camboriú e casas. Em um imóvel de Itajaí estavam em uma mala os quase R$ 900 mil.
Eles devem responder por tráfico interestadual de drogas, organização criminosa e possivelmente por lavagem de dinheiro. As investigações continuam.