Economia
Mais de 900 servidores da União foram exonerados por corrupção nos últimos três anos
Dentre os outros motivos para demissão, está, por exemplo, abandono e inassiduidade. Dados relativos à corrupção são da Controladoria-Geral da União (CGU) .
Durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, nos últimos três anos, 922 servidores foram exonerados por corrupção. O número representa 59,5% do total de funcionários públicos expulsos. Dentre os outros motivos para demissão, está, por exemplo, abandono e inassiduidade. A maior parte dos casos é no Ministério da Economia, com 431. Os dados são da Controladoria-Geral da União (CGU), extraídos do painel da pasta nessa sexta-feira.
A série histórica vai desde 2003, sendo que o ano com maior número de servidores da União exonerados por corrupção é 2018. Na época, a CGU promoveu a divulgação do levantamento, com entrevista coletiva do ministro da CGU, Wagner Rosário, que remeteu o alto número ao bom funcionamento dos mecanismos.
De lá para cá, os dados reduziram. Em 2019, foram 323 servidores expulsos; no ano seguinte, 343; e no ano passado, 256. Bolsonaro se elegeu com um discurso forte de anticorrupção, mas teve que lidar com alguns fatos que contradizem a narrativa, como o fim da Operação Lava Jato. Ao comentar o assunto específico em outras ocasiões, o presidente afirmou que acabou com ela "porque não tem mais corrupção no governo".
Cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Marco Antônio Carvalho Teixeira afirma que os dados de corrupção mostram que o governo Bolsonaro enfrenta os problemas que os outros conviveram. "É um governo que parece que não reconhece que manter ministros acusados de corrupção afeta o governo; que lida com um tema como se não fosse dele", avalia.
O professor cita o caso do secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, que foi exonerado em janeiro de 2020 do cargo que ocupava como secretário-executivo da Casa Civil por ter usado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar à Índia, mas, em fevereiro do ano passado, foi nomeado para exercer o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. Posteriormente, foi remanejado para chefiar a Secretaria Nacional de Justiça.
"O governo poderia usar o caso para mostrar como exemplo de que houve mal uso de dinheiro público, mas que o servidor foi punido. Mas o governo readmitiu o servidor e o realocou. Naquilo que o governo pode fazer o exemplo não foi dado", afirma.