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Na Justiça, Chapecoense diz que queda de avião foi benéfica para Alan Ruschel
Argumento tentava livrar o clube do pagamento de danos morais ao atleta
A Chapecoense afirmou à Justiça de Santa Catarina que a queda do avião que matou 71 pessoas em 2016 foi benéfica ao lateral Alan Ruschel, de 32 anos, sobrevivente da tragédia. O argumento tentava livrar o clube do pagamento de danos morais ao atleta. As informações são do site UOL.
No documento, enviado ao Judiciário em 24 de janeiro, a Chape cita que “o acidente deu notoriedade ao reclamante e alavancou seus ganhos, [e] sua imagem valorizou-se e passou a ter notoriedade mundial”.
Ruschel entrou na Justiça contra a Chapecoense em maio do ano passado pedindo o pagamento de R$ 3.381.105,40 referente a danos morais pelo acidente, contestação do seguro recebido e verbas trabalhistas, como salários atrasados e direitos de imagem.
Um dos pedidos é sobre a indenização pelo acidente com o voo da Chapecoense. O jogador contesta o valor recebido, inferior ao que foi pago às famílias de outras vítimas. Já o clube afirmou que “o reclamante não foi vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente, abençoado pela força divina e, dentre aqueles ligados ao futebol, o único que continua a desenvolver suas atividades identicamente ao período anterior ao mesmo”.
Também que a vida de Ruschel continuou normalmente após o acidente, inclusive com o lateral tendo se casado meses após a queda do avião. Completou apontando que o jogador sempre disse “não recordar de nada”.
O clube conclui que “nenhum trauma a princípio ficou”, avaliando que Alan nunca utilizou os serviços de psicologia e psiquiatria disponibilizados pelo clube. E, para a Chape, “não há indicativos de que alguma sequela tenha ficado”.
As partes realizaram uma audiência de conciliação neste mês de fevereiro, mas o clube não fez nenhuma proposta de acordo.
O que diz Alan?
Alan Ruschel se defendeu sobre o assunto nesta sexta-feira. O atleta disse que ficou revoltado com a defesa do clube no processo por danos morais e, que, acionou a Chapecoense na Justiça apenas após a agremiação não cumprir com o pagamento dos valores acordados.
“Eu tive acesso à defesa do clube, e eles alegam que eu não sou vítima do acidente e, sim, um sobrevivente. Afirmam que a tragédia me trouxe benefícios. Estão sendo levianos e despreparados na condução de um assunto tão importante. A minha vida precisava continuar, mas isso não tira responsabilidade do clube. Só eu sei os traumas que carrego comigo, o esforço, a luta para voltar a jogar. Hoje tenho oito parafusos nas costas, não quero me vitimizar, mas apenas para deixar essa situação clara. Afirmar que minha vida seguiu normal é um absurdo, não só comigo, mas também com os familiares das vítimas do acidente”, disse.
A Chapecoense disse que não vai se manifestar sobre o assunto. O site UOL apurou que um dos motivos é de que houve uma troca no departamento jurídico do clube e quem assumiu ainda não teve acesso aos processos envolvendo a equipe catarinense.