Economia
Pesquisa aponta que quase 70% das famílias gaúchas perderam renda em função da pandemia
Estudo realizado sob encomenda da Assembleia Legislativa ouviu 1,5 mil pessoas em 40 municípios.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), sob encomenda da Assembleia Legislativa, apontou que 68,6% das famílias tiveram a renda prejudicada em função da pandemia de coronavírus no Rio Grande do Sul. O estudo, realizado entre os dias 28 de agosto e 3 de setembro, ouviu 1,5 mil pessoas em 40 municípios de diferentes regiões.
“Aumentou o número de pessoas se declarando como pobres, classe baixa ou classe média baixa. Tecnicamente na auto declaração dos entrevistados o gaúcho empobreceu. Ele diminuiu a sua capacidade financeira e de compra. Antes, 53% se consideravam classe baixa e classe média baixa e agora nós temos 70% dos gaúchos se classificando nestes grupos”, explica a diretora do IPO, a cientista social e política, Elis Radmann, responsável por apresentar o levantamento.
Ainda com base nos dados do estudo, 31,5% dos entrevistados disseram que não tiveram perdas financeiras, enquanto 25,9% e 19,1% diminuíram a renda pela metade e para menos da metade, respectivamente.
A pesquisa também diagnosticou a evasão de integrantes das famílias de instituições de ensino superior e universidades. Durante a pandemia, 23,5% dos lares gaúchos tinham algum estudante de curso superior. Contudo, com o agravamento da doença, 10,3% tiveram de trancar o curso e outros 5,3% cancelaram a matrícula.
“No somatório são mais de 15% dos gaúchos que não conseguiram custear as atividades. E esse não conseguir custear é porque, em alguns casos, ele perdeu seu emprego ou o pai perdeu sua renda e não pôde mais subsidiar o filho, ou também tivemos situações em que o filho teve que trabalhar para ajudar sua família, principalmente naquelas em que a mãe era responsável e pertencia o grupo de risco”, relata a cientista política.
Seguindo no campo da desigualdade social, o levantamento também revelou que mais de 1/4 dos gaúchos teve que pedir ajuda para comprar alimentos durante a pandemia.
“O principal apoio para essas pessoas foram as redes de relacionamento, o que inclui os amigos e as famílias, seguido das igrejas e das ONGs”, detalha. Ao término da apresentação, o presidente da Casa, deputado Gabriel Souza (MDB), explicou que, a partir dessa pesquisa, o objetivo é subsidiar o Legislativo para propor soluções que alcancem a população mais vulnerável.
O estudo, o terceiro promovido pelo Parlamento junto aos gaúchos este ano, integra a programação do projeto “O RS Pós-Pandemia”. Realizado em agosto, o debate sobre o tema promovido pela Assembleia reuniu especialistas, que responderam ao seguinte questionamento: “Como enfrentar a desigualdade social agravada pela pandemia?”. Nos levantamentos anteriores os assuntos abordados foram educação e saúde.