Economia

Setor de cartões questiona existência de golpes com aproximação

No ano passado, o pagamento por aproximação movimentou R$ 572,4 bilhões no Brasil volume quase três vezes maior que o de 2021.

Por O Sul Publicado em 21/02/2023 07:10 - Atualizado em 03/06/2024 11:45

Os consumidores que optam pela aproximação para fazer pagamentos já respondem por R$ 17 de cada R$ 100 movimentados através de cartões no Brasil, segundo os dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A modalidade, que tem crescido de forma contínua, é alvo de questionamentos relacionados à segurança. O setor afirma, porém, que os golpes informados ao longo do último mês não foram detectados pelas empresas.

No ano passado, o pagamento por aproximação movimentou R$ 572,4 bilhões no Brasil volume quase três vezes maior que o de 2021. Chegou a 17,2% do volume movimentado pela indústria de cartões e a 40% das transações realizadas de modo presencial. Em 2021, a aproximação respondia por 7,5% do volume movimentado pela indústria.

Para as empresas de pagamentos, a tecnologia é uma aliada para manter o cartão mais atrativo que o Pix. A aproximação é mais rápida que a inserção do cartão. Para compras de até R$ 200, dispensa a digitação de senha. No Pix, um pagamento ainda exige algumas etapas a mais, como a autenticação no aplicativo do banco.

Diante dessa aposta, gerou contrariedade no setor a divulgação de um suposto golpe em que criminosos invadiriam maquininhas para desabilitar a função de aproximação, o que obrigaria o cliente a inserir o cartão e digitar a senha. Neste processo, os dados seriam clonados.

“Não conseguimos comprovar [a existência de] golpes com aproximação”, disse ontem, em entrevista a jornalistas, o presidente da Abecs, Rogério Panca, referindo-se ainda ao uso de maquininhas para “capturar” transações de cartões NFC nos bolsos dos titulares. Segundo ele, o setor está seguro com as camadas de proteção das transações feitas por aproximação.

Detecção

O suposto golpe foi informado pela empresa de cibersegurança Kaspersky, que alega tê-lo detectado ao atender a um lojista de porte médio com um equipamento infectado por uma nova versão do Prilex, programa malicioso conhecido pela indústria desde 2014. O Prilex afeta as chamadas TEFs, que são as maquininhas ligadas por cabos aos computadores de um comércio. Elas são diferentes das chamadas POS, portáteis, comuns em restaurantes ou postos de combustíveis.

“Ao analisar o ambiente infectado, a equipe de especialistas da empresa identificou uma nova versão do Prilex que apresenta um complexo sistema de regras que também permite bloquear transações realizadas por NFC”, disse por escrito o chefe da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina, Fabio Assolini. “Todas as evidências do ataque foram coletadas, documentadas e verificadas.”

Ainda por escrito, Assolini informou que, no ano passado, a empresa detectou sete novas versões do Prilex – uma delas, a que bloquearia as transações por aproximação.

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